No cinema, as mortes são até banais. Morrer, dizem, só é fácil no cinema – às vezes prazeroso e até engraçado. Ou como diz a velha mensagem: “morrer é fácil, difícil é fazer comédia”.
Mas o fato é que alguns filmes desafiam o simples ato de morrer e o fim da vida. Tais filmes têm a morte – e, alguns deles, por consequência, a vida – associada diretamente às personagens, à situação. A tais filmes, a morte – e a reflexão que gera – é um meio, nunca um fim. Filmes difíceis, sobre como lidar com a existência.
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O Vampiro, de Carl Theodor Dreyer
O mestre Dreyer aborda talvez um sonho, um delírio que, a certa altura, coloca o protagonista em um caixão, face a face com a morte.

Viver, de Akira Kurosawa
Velho senhor descobre que vai morrer e decide ajudar sua comunidade. Obra-prima de Kurosawa, não recomendada a corações fracos.
O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman
A morte convida um cavaleiro recém-chegado das Cruzadas para um jogo de xadrez – talvez a maior parábola sobre vida e morte no cinema.
Trinta Anos Esta Noite, de Louis Malle
Homem vaga em busca de respostas e reflete sobre a vida, em clima de perda comum à época, quando o mundo não fazia muito sentido.
A Primeira Noite de Tranquilidade, de Valerio Zurlini
Professor amargurado envolve-se com aluna. Para o papel, Delon desconstrói a figura comum ao galã, passando ao homem trágico.
A Ferida Aberta, de Maurice Pialat
O diretor narra a morte de uma mulher, pouco a pouco, pelo prisma da família: do pai antes ausente, do filho que trai a mulher.
A Hora da Zona Morta, de David Cronenberg
Após acidente de carro, homem fica em coma e depois ganha o estranho poder de prever mortes. Cronenberg com sua comum estranheza.

Não Matarás, de Krzysztof Kieslowski
Dois pesos, duas medidas. Será? Com esse poderoso filme, Kieslowski apresenta um assassino e o crime do Estado.
Contratei um Matador Profissional, de Aki Kaurismäki
O finlandês Kaurismäki traz uma comédia trágica sobre um homem que, após perder o emprego, contrata um assassino para matá-lo.
Despedida em Las Vegas, de Mike Figgis
O embriagado ao centro do filme de Figgis (Nicolas Cage) vai para Las Vegas com única intenção: beber até morrer. Duro de assistir.
Gosto de Cereja, de Abbas Kiarostami
Homem vaga pela estrada, em seu trajeto final, e convida pessoas para que o ajudem a morrer. O convidado terá de enterrar seu corpo.
Mar Adentro, de Alejandro Amenábar
Após um acidente e preso à cama, imóvel, Ramón Sampedro busca na Justiça o direito de morrer. Em seus sonhos, retorna ao oceano.
Amor, de Michael Haneke
O apartamento leva à clausura: entre cômodos escuros e aparentemente apertados, o homem dá acolhimento à mulher, no fim da vida.
A Bela que Dorme, de Marco Bellocchio
Essa reflexão de Bellocchio passa pela política, pela família e pela Igreja, para tratar dos efeitos da morte, ou sobre escolher a vida.
O Segredo das Águas, de Naomi Kawase
Menina tem de lidar com a morte da mãe ao mesmo tempo em que desconfia do namorado, suspeito de cometer um crime.
SOBRE O AUTOR:
Rafael Amaral é crítico de cinema e jornalista (conheça seu trabalho)
Veja também:
Bastidores: O Sétimo Selo
