José Mojica Marins (1936-2020)

Desde criança, ele fazia filmes. (…) A marginal Tietê, na época um terreno baldio, era sua locação.

 

Tudo mudou quando Mojica viu, num velório, o vendedor de batatas do bairro “ressuscitar”, história retratada em Finis Hominis, de 1971. O medo da morte, o inferno, os velórios, o luto e o caixão passaram a ser os elementos-chave de sua obra; em À Meia-Noite Levarei Sua Alma, de 1964, que fez de Mojica um dos cineastas mais populares e de maior bilheteria do Brasil, Zé do Caixão estreou.

 

Sem patrocínio do Estado, produzindo filmes com o dinheiro arrecadado pela bilheteria do filme anterior, Mojica tinha um estúdio na rua das Palmeiras, no centro de São Paulo, e quando precisava de uma floresta, usava um pequeno trecho de vegetação do largo do Arouche.

 

Na maioria de seus filmes, o personagem profana símbolos religiosos, bebe a cachaça dedicada para trabalhos de umbanda, ri de uma procissão e come carne numa Sexta-Feira Santa. Por vezes, Zé do Caixão, em fúria, diz: “Eu não creio em nada! Quero a prova do castigo. Mentira!”.

 

Aí está o segredo de Zé do Caixão, que, em um público popular, num país essencialmente religioso, provoca o sentimento da dúvida, ridiculariza os ritos sagrados, enfrenta a ira de Deus, visita o inferno (…)

Marcelo Rubens Paiva, escritor, dramaturgo e jornalista, em uma crítica do documentário Maldito – O Estranho Mundo de José Mojica Marins, de André Barcinski e Ivan Finotti, na Folha de S. Paulo (14 de abril de 2000; leia aqui).

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