Katharine Hepburn tinha vontade de trabalhar com Spencer Tracy mesmo antes de conhecê-lo. Isso ocorreria pouco antes das filmagens do primeiro filme no qual ambos dividiram a cena, A Mulher do Dia, de George Stevens.
Aconteceu do lado de fora do Thalberg Building, na MGM. Foi um encontro acidental. Ela estava entrando e Tracy e [Joseph L.] Mankiewicz saíam para almoçar.
Para Hepburn ele era o ator brilhante que [John] Ford criara e com quem rompera; para Tracy ela era a única mulher que Ford realmente amara.
– Sr. Tracy, acho que o senhor é um pouquinho baixo para mim – disse Kate.
– Não se preocupe – Mankiewicz riu. – Ele a colocará em seu lugar.
Tracy olhava com reprovação para o costume de lã que Kate encomendara a Eddie Schmidt, alfaiate. Ele não achava que uma mulher devesse se vestir assim.
– Nada disso! – exclamou Tracy para Mankiewicz assim que a atriz se afastou. – Não quero me meter com nada que pareça com aquilo.
Logo quando as filmagens começaram, ficou claro que ambos tinham grande química em frente às câmeras. O que aparentemente os afastava – como se delineia na comédia de Stevens – termina por torná-los perfeitos.
Na MGM já pensavam em Tracy e Hepburn como uma dupla. Desde o dia em que Kate derramara o copo d’água e Tracy a fizera secar a mesa [um improviso nas filmagens de A Mulher do Dia], George Stevens pensou em Laurel e Hardy – o Gordo e o Magro. No papel de Sam Craig, Tracy era o Gordo. Parrudo e Azedo, ele se apegava às suas próprias ideias rígidas do que era decente. Ele vive na ânsia de poder perfurar Hepburn com os olhos por ter criado “mais uma bela trapalhada”.
Os trechos destacados são da biografia Katharine Hepburn, de Barbara Leaming (Editora Record; pgs.377 e 379). Acima e abaixo, Katharine Hepburn e Spencer Tracy em A Mulher do Dia.
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