O caso Langlois

Beijos Proibidos era dedicado a Henri Langlois, pois suas filmagens se deram durante os “Événements de la Cinémathèque”, isto é, a tentativa do governo francês de botar a mão no acervo de filmes que Langlois formara durante trinta anos: comecei as filmagens de Beijos Proibidos em 5 de fevereiro de 1968, e em 9 de fevereiro cheguei ao set com duas horas de atraso porque estava saindo do Conselho de Administração da Cinemateca Francesa, onde, por uma decisão governamental, Henri Langlois foi destituído e substituído por um candidato “oficial”, Pierre Barbin. A partir desse momento, levei uma vida dupla de cineasta e militante, dando telefonemas entre a filmagem de cada plano, alertando as rádios estrangeiras, criando com meus amigos o “Comitê de Defesa da Cinemateca”, disposto a faltar à projeção dos meus próprios copiões. A equipe do filme adotou um slogan: “Se Beijos Proibidos for um bom filme, será graças a Langlois, se for ruim, será por causa de Pierre Barbin!”

François Truffaut, cineasta, em O Prazer dos Olhos – Escritos Sobre Cinema (“Quem é Antoine Doinel?”; Jorge Zahar Editor; pgs. 28 e 29), sobre os protestos em torno da saída de Henri Langlois da Cinemateca Francesa, pouco antes dos eventos de Maio de 68. Com a censura ao filme A Religiosa, dois anos antes, e os eventos de Maio de 68, pouco depois, o caso Langlois é considerado um dos motivos para o fim do período da cinefilia, que deu vez à nouvelle vague. Abaixo, o diretor Claude Chabrol segura um cartaz a favor de Langlois, ao lado do também cineasta Jean-Luc Godard.

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