A última lista da Sight and Sound, que elegeu os melhores filmes de todos os tempos ouvindo uma gama de especialistas e cineastas, teve algumas de suas escolhas individuais expostas no Facebook da revista. Assim, ficamos sabendo um pouco sobre o gosto de alguns realizadores famosos.
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O diretor do recente e premiado Os Banshees de Inisherin também mandou sua lista pessoal à revista e, mesmo com títulos manjados, merece aqui nosso destaque pelo time de obras-primas.
Os comentários abaixo, sobre cada uma das escolhas, são do autor deste site. A lista foi divulgada com os títulos originais e na sequência que aparece abaixo, sem explicar se é um ranking.
Cinzas no Paraíso, de Terrence Malick
O segundo e ainda o maior filme do diretor. Uma história triste lapidada pelas cores – pelo amanhecer, pelo pôr-do-sol – de Néstor Almendros, com um rapaz desajustado, sua amante e a irmã dela em uma fazenda distante.

Neste Mundo e no Outro, de Michael Powell e Emeric Pressburger
A história mágica de Powell e Pressburger sobre um piloto às portas da morte, entre o processo, o adeus, a possibilidade de encontrar um amor e talvez o retorno ao mundo carnal. O espírito do bem contra a guerra.

Terra de Ninguém, de Terrence Malick
Outro Malick, o primeiro. Remete-nos à geração James Dean, com Martin Sheen e Sissy Spacek perdidos pelo mundo, inconsequentes, apaixonados e um pouco inocentes. E perseguidos pelas autoridades.

Taxi Driver, de Martin Scorsese
O filme mais importante de seu diretor, um mergulho na mente perturbada do motorista de táxi interpretado por Robert De Niro. O filme que resume a desesperança da América, escancarada pela Nova Hollywood.

O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola
Coppola dá uma aula de direção e roteiro. E o elenco faz bonito, com alguns rostos então pouco conhecidos, como o de Al Pacino, e a presença de um verdadeiro monstro sagrado chamado Marlon Brando.

Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa
O épico japonês de samurai por excelência. Está tudo ali: a honra, a dor da derrota, os diferentes tipos de herói e, como poucas vezes se viu no cinema, ou talvez nunca, uma batalha sob a chuva que até hoje nos deixa babando.

Três Homens em Conflito, de Sergio Leone
Algumas das melhores encaradas do cinema. Os aparentes antagonistas – “o bom”, “o mau”, “o feio” – na verdade se completam sob a batuta do mestre Leone. Cabe um pouco de tudo, como cenas cômicas e um fundo histórico.

O Mensageiro do Diabo, de Charles Laughton
As crianças fogem do psicopata, o assassino de viúvas. Elas embrenham-se no rio, enxergam a natureza, até se verem em um orfanato. O assassino segue à espreita e podemos ver sua sombra em diferentes momentos.

Cidadão Kane, de Orson Welles
O nascimento do cinema moderno. A quem ainda julga a ideia exagerada, pense na estrutura original, no tratamento do tempo e das personagens, no uso da câmera e como tudo dialoga com Kane, seu enigma.

Meu Ódio Será sua Herança, de Sam Peckinpah
O faroeste brutal de Peckinpah. Nessa história, cada vez mais encurralados, os homens do “bando selvagem” aceitam viver as últimas consequências se isso significa não deixar um colega para trás. Magnífico.

AUTOR: Rafael Amaral, crítico e jornalista

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