A arte de escrever é a arte de criar mundos, de invadir territórios nunca explorados e, em alguns casos, de dar vida a universos delirantes que podem conduzir tanto à poesia quanto ao terror. Pinçamos alguns filmes sobre mergulhos nem sempre prazerosos, sobre homens e mulheres debruçados em máquinas de escrever e em lembranças, sobre iluminações e labirintos.
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A Cor da Romã (1969)
Diretor: Sergei Parajanov. Escritor retratado: Sayat-Nova
Na Armênia Medieval, deparamo-nos com o poeta Sayat-Nova, o “rei dos cânticos”, em uma filme sobre sentir as palavras e a arte de um homem, nunca uma cinebiografia convencional pelas mãos de Sergei Parajanov.

Providence (1977)
Diretor: Alain Resnais. Escritor retratado: Clive Langham (fictício)
O pai é o escritor que bebe e lembra do passado, dos filhos, da família – alguém que mergulha em uma história para remodelar seu universo. Vemos seu interior. E depois o vemos ser julgado pelos próprios filhos.

O Iluminado (1980)
Diretor: Stanley Kubrick. Escritor retratado: Jack Torrance (fictício)
Um escritor aceita a proposta de se isolar com a família em um hotel, no inverno, para trabalhar como zelador e escrever um livro. Seu filho enxerga fantasmas. Ele enlouquece e passa a perseguir a própria família.

Barton Fink, Delírios de Hollywood (1991)
Diretores: Joel e Ethan Coen. Escritor retratado: Barton Fink (fictício)
Barton é seduzido pela benesses de Hollywood. Sabe que se tornará um escritor de encomenda, mas termina na terra do cinema, em um pequeno apartamento onde mergulha em uma história que envolve assassinato.

Kafka (1991)
Diretor: Steven Soderbergh. Escritor retratado: Franz Kafka
Outro caso que foge da cinebiografia convencional. Com roteiro de Lem Dobbs, Soderbergh leva-nos a uma trama policial mesclada a terror e ficção científica, distopia e todo o universo sufocante do autor de O Castelo.

Malina (1991)
Diretor: Werner Schroeter. Escritor retratado: Die Frau (fictícia)
O alemão Schroeter merece ser mais lembrado. Malina é um filmaço sobre o interior de uma escritora, sobre seus conflitos com dois homens e suas maneiras de tentar combater as lembranças do pai autoritário.

Mistérios e Paixões (1991)
Diretor: David Cronenberg. Escritor retratado: Bill Lee (William S. Burroughs)
Quem se daria melhor no mundo de Burroughs que David Cronenberg? Acompanhamos aqui as desventuras do autor (Peter Weller) que conversa com a máquina de escrever e se converte em suposto agente secreto.

À Beira da Loucura (1994)
Diretor: John Carpenter. Escritor retratado: Sutter Cane (fictício)
Quando um famoso escritor dá início a um surto de histeria coletiva e desaparece, um detetive cético é contratado para encontrá-lo. É o início de sua viagem a uma cidade fora do mapa e a uma espiral de loucura.

Medo e Delírio (1998)
Diretor: Terry Gilliam. Escritor retratado: Raoul Duke (Hunter S. Thompson)
Um jornalista (Johnny Depp) vai para Las Vegas e, na companhia de seu advogado e outras figuras peculiares, mergulha em uma aventura psicodélica. Na cidade de jogos e luzes, real e delírio confundem-se.

O Tempo Redescoberto (1999)
Diretor: Raoul Ruiz. Escritor retratado: Marcel Proust
Que empreitada corajosa a do diretor Raoul Ruiz. Adaptar às telas o último livro do conjunto Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust. O resultado, difícil de resumir, é um mergulho na memória de um artista.

Adaptação (2002)
Diretor: Spike Jonze. Escritor retratado: Charlie Kaufman
À medida que tenta adaptar um livro de uma famosa escritora, o roteirista Charlie Kaufman termina vivendo embates com seu irmão gêmeo, sua outra personalidade que o segue e o orienta por caminhos estranhos.

Mais Estranho que a Ficção (2006)
Diretor: Marc Forster. Escritor retratado: Karen Eiffel (fictícia)
O quadrado auditor Harold Crick descobre que é uma personagem de ficção e que o desfecho de sua vida fictícia está nas mãos de sua criadora, a escritora um pouco perturbada vivida por Emma Thompson.

SOBRE O AUTOR:
Rafael Amaral é crítico de cinema e jornalista (conheça seu trabalho)

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