27 grandes filmes sobre a monstruosidade do nazismo

O nazismo já podia ser visto no cinema antes de sua ascensão ao poder, em 1933. Até então não era nomeado. Era uma expressão de medo, de um povo que precisava desesperadamente de algo para se agarrar e de um grupo de homens fardados cujas ideias totalitárias e antissemitas davam a tônica do que viria a seguir, em pouco mais de dez anos.

ACOMPANHE NOSSOS CANAIS: Facebook e Telegram

O medo causado por essas forças até então ocultas era traduzido pelo expressionismo alemão, pelos criminosos que julgam um “vampiro” em tribunal paralelo, pelos fantasmas que perseguem os homens, por figuras estranhas como o doutor Mabuse. Após 1933, o que era um sentimento ganha corpo. Dada a realidade, o expressionismo perde o sentido. 

É conhecido o apreço dos nazistas pela sétima arte. Ditaduras adoram meios que se assemelham a algo como uma lavagem cerebral, ritual de sonhos e constante paralisia; no caso do cinema, ritual envolto por uma máquina de projeção e identificação.

No poder, os nazistas não demoraram para produzir seus filmes e banir outros, a manter relações econômicas com Hollywood e inclusive conquistar corações e mentes do outro lado do Atlântico – como bem detalhado em O Pacto Entre Hollywood e o Nazismo, de Ben Urwand. Os nazistas apostaram em documentários que retratam o que eles eram ou queriam ser, com o povo a seus pés, a segui-los, como em O Triunfo da Vontade.

Era a própria lavagem cerebral que Leni Riefenstahl usava como sustento para sua peça de arte e propaganda, elegia do poder, reprodução do que essencialmente era preciso mostrar aos olhos externos: adoração, homens em fila, germânicos sadios e radiantes.

Quando alguns figurões de Hollywood finalmente decidiram representar o mal, deixando seu alinhamento de lado, começaram a surgir filmes interessantes, como Confissões de um Espião Nazista, o primeiro a oficialmente nomear o inimigo. O Grande Ditador teve sua importância ao satirizar Hitler e torná-lo um garoto mimado a brincar com sua bola, o globo.

Em Tempestades d’Alma, de 1940, uma família comenta, à mesa, a ascensão de Hitler. Em Os Deuses Malditos, décadas depois, fala-se do incêndio no Reichstag, o parlamento alemão, depois atribuído aos comunistas. Em filmes tão diferentes, de épocas diferentes, vemos a escalada do autoritarismo e sua destruição interna, e passamos do herói puro de James Stewart (o americano comum, o democrata dos filmes de Frank Capra) à visão dos “malditos”, cuja representação máxima cabe a Helmut Berger.

O nazismo foi explorado de quase todas as formas pelo cinema: do drama de época ao documentário, da comédia aos filmes de zumbi. Não foram poucos os que se debruçaram nos horrores dos campos de concentração ou na depravação que corria em seus porões ou em alguns cabarés; a libertinagem como fuga, como contraponto.

A degradação humana – mais psicológica que social – tem espaço em O Ovo da Serpente, de Bergman, em O Porteiro da Noite, de Cavani, e no perfeito retrato da ignorância e do ressentimento visto em Lacombe Lucien, de Louis Malle, sobre um menino francês que, por puro desejo de ser alguém e ter poder, une-se a algo que sequer compreende.

Passada a guerra e com as atrocidades dos campos de concentração reveladas, o documentário volta-se ao horror: a realidade é necessária para traduzir o intraduzível, o inexplicável, ações de matança feitas em escala industrial. Noite e Neblina é marcante; A Tristeza e a Piedade busca os relatos que recobrem o colaboracionismo francês.

Nada pode ser comparado a Shoah, de Claude Lanzmann, que aposta em relatos e lembranças, que deixa a nós a possibilidade – ou o contrário – de imaginar o que realmente foi o Holocausto. Aos ignorantes que, vez ou outra, propagam a liberdade para institucionalizar um partido nazista, uma sessão de Shoah deveria ser sentença judicial.

Ninguém sai ileso. Lanzmann oferece-nos o testemunho oral daqueles que ainda unem forças para tentar dizer o que presenciaram ou sentiram no local dos massacres, para trás do arame farpado e dos olhos vigilantes dos soldados de Hitler. Arte da memória, o cinema tem papel fundamental para que crimes como o nazismo não voltem a ocorrer.

Abaixo, 27 títulos que nos ajudam a entender o que é o nazismo.

27) Lili Marlene, de Rainer Werner Fassbinder

26) Phoenix, de Christian Petzold

25) O Jovem Törless, de Volker Schlöndorff

24) O Porteiro da Noite, de Liliana Cavani

23) O Homem do Prego, de Sidney Lumet

22) Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini

21) Adeus, Meninos, de Louis Malle

20) O Jardim dos Finzi Contini, de Vittorio De Sica

19) O Tambor, de Volker Schlöndorff

18) Cabaret, de Bob Fosse

17) Mephisto, de István Szabó

16) A Tristeza e a Piedade, de Marcel Ophüls

15) O Pianista, de Roman Polanski

14) A Fita Branca, de Michael Haneke

13) O Diabólico Vampiro de Düsseldorf, de Robert Hossein

12) Os Deuses Malditos, de Luchino Visconti

11) Lacombe Lucien, de Louis Malle

10) Noite e Neblina, de Alain Resnais

9) Julgamento em Nuremberg, de Stanley Kramer

8) O Filho de Saul, de László Nemes

7) Tempestades D’Alma, de Frank Borzage

6) Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl

5) M, O Vampiro de Düsseldorf, de Fritz Lang

4) A Lista de Schindler, de Steven Spielberg

3) O Exército das Sombras, de Jean-Pierre Melville

2) O Ovo da Serpente, de Ingmar Bergman

1) Shoah, de Claude Lanzmann

SOBRE O AUTOR:
Rafael Amaral é crítico de cinema e jornalista (conheça seu trabalho)

ACOMPANHE NOSSOS CANAIS: Facebook e Telegram

Veja também:
Os dez melhores filmes de Orson Welles

4 comentários sobre “27 grandes filmes sobre a monstruosidade do nazismo

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s