O personagem criou um mundo para si mesmo dentro dela. Ele tem total controle do ambiente e, ao mesmo tempo, se isolou. É como se fosse uma prisão. É quase como um caixão, porque ele se desconecta da cidade, não a ouve, mal pode vê-la e força todos a virem até ele, seja para sexo, discussões, negócios. Gosto desse uso incomum do carro. Mas isso estava no romance de Don DeLillo, é invenção dele. Durante as filmagens, os caras do som ficaram nervosos: “Tem certeza de que não quer nenhum barulho da rua, da cidade?” E eu disse que não porque a ideia é justamente lidar com o isolamento da realidade. Então você pode ouvir tudo o que acontece dentro da limusine, mas nada de fora. E quando o protagonista sai do carro não sabe como se comportar, não sabe nem conversar com sua mulher. Ele diz a ela: “É assim que as pessoas conversam, não é?” E a resposta é: “E eu sei?” Porque ela é igual.
David Cronenberg, cineasta, em entrevista à revista Bravo! (Editora Abril, setembro de 2012; pg. 90). Abaixo, um breve documentário sobre as filmagens em estúdio e a captação de som; e uma foto da estrutura montada para representar o veículo.
ACOMPANHE NOSSOS CANAIS: Facebook e Telegram

Veja também:
Como David Cronenberg começou a fazer cinema
