James Dean, jovem anjo colorido em celuloide e mal, adolescente em velocidade além de macho fantasiado pelo desespero mecânico, liberta, com a morte, os meninos terríveis sem flores, sóis e ritmos.
Quando os mitos assumem tais proporções é preciso romper os limites de quantos desabrochados ainda existam para liquidar a forma e a fórmula em gestos de espasmo e dor.
James Dean satura a tradição do mito e invade o espaço dos desejos.
Anjo rebelde contendo o demônio insatisfeito e atormentado por uma condição de Édipo inconsciente – a jovem mãe que o embalou e que sumiu ligeiro de sua infância – Dean rompia o asfalto e desdobrava as curvas da estrada buscando um sentido de vida em cada movimento de guiar.
Porque seus olhos eram fracos, o espírito alcançava uma meta e o carro de aço polido, bólide embalando um gênio – substituto em ritmo desequilibrado do berço materno – rompia o vento e libertava o menino daquela angústia escapando pelos blusões de couro negro, calças velhas de vaqueiro, cabelos inconformados de medusa.
Dean Não Foi Uma Estrela Comum.
É o símbolo de uma geração sem moral a obedecer e recolhida nos refúgios das fórmulas.
Gritou contra o julgamento antes de sentir e por isto amou animais e máquinas.
Carregava um “mal de viver” e nunca foi surpreendido pela morte.
Sabia da tragédia e a precipitou a cento e setenta quilômetros de coisas inexplicáveis.
“James como Joyce, Byron como o poeta coxo, Dean como eu…” – JAMES BYRON DEAN.
Jornal A Tarde (maio de 1957; republicado em O Século do Cinema)

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