Bastidores: Fahrenheit 451

Em relação ao público, o filme era uma espécie de desafio. Pois, mesmo que tudo nele seja simples, o seu postulado é muito excêntrico e eu precisava torná-lo plausível sem fazê-lo perder a fantasia. Na verdade, tratava-se de um problema de dosagem entre o cotidiano e o extraordinário e, sem cessar, era necessário passar de um ao outro e misturá-los.

 

(…)

 

O roteiro havia sido escrito para ser pungente, para fazer medo. Mas durante as filmagens eu não consegui levá-lo inteiramente a sério. Diverti-me. A cena em que a velha senhora morre queimada em meio a seus livros poderia ter sido muito forte se eu tivesse tomado como atriz uma mulher descarnada, guardiã patética da cultura. Ao contrário disso, coloquei uma gordinha engraçada. O patético não está na partida, mas na chegada.

François Truffaut, cineasta, em entrevista para L’Express (nº 883, 20-26 de maio de 1968), reproduzida em O Cinema Segundo François Truffaut (Editora Nova Fronteira; pgs. 171 e 172). Acima, a estrela do filme, Julie Christie; abaixo, Truffaut e sua atriz durante as filmagens, em Londres.

ACOMPANHE NOSSOS CANAIS: Facebook, YouTube e Telegram

Veja também:
Como foi criado o monstro de Possessão

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s