O orçamento original para O Poderoso Chefão – Parte 3 era de 44 milhões de dólares, considerado elevado para a época, mesmo para um filme tão grande. Uma das razões para o custo do filme eram seus salários exorbitantes, muito acima da média do mercado. Mancuso [Frank Mancuso, presidente e CEO da Paramount Pictures entre 1984 e 1991] concordou em pagar a Coppola 3 milhões de dólares para dirigir, 1 milhão para escrever e (de acordo com estimativas) até dois outros milhões, somados a 15% das receitas brutas, para produzir o filme. Para passar à fase de produção tão prontamente quanto possível, Mancuso atendeu ao pedido de Al Pacino por 5 milhões e ao de Diane Keaton por 2 milhões.
Mas então, misteriosamente, Mancuso recusou-se a pagar mais de 1,5 milhão a Robert Duvall. Duvall saiu do filme e, como resultado, Coppola precisou reescrever o filme, excluindo um de seus personagens principais, o advogado de Michael e seu irmão adotado Tom. Em seu lugar, Coppola apresentou um novo personagem, um advogado astuto vindo da elite americana (interpretado por George Hamilton). A recusa de Mancuso em atender ao preço pedido por Duvall teve um impacto significativo sobre o filme: a obra ficou ainda mais desconectada de seus dois antecessores, e sua temática sobre a expectativa por legitimidade como uma traição à família e à etnicidade parecia reforçada. Além disso, a presença de Hamilton servia como uma lembrança da ausência de Duvall.
Eventualmente, um segundo problema de elenco surgiu. Winona Ryder, contratada para interpretar Mary, a filha de Michael, apareceu no set exausta e precisou ser mandada para casa. Coppola decidiu substituí-la por sua “filha real”, Sofia, que virtualmente não tinha qualquer experiência atuando. Mancuso contrapôs-se a essa ideia com uma oferta para contratar qualquer atriz de Hollywood – até mesmo, conforme diziam boatos na época, Madonna (que havia realizado testes para o papel meses antes, mas fora rejeitada por ser muito velha para a personagem). Coppola espertamente argumentou que escalar outra pessoa atrasaria o filme e Mancuso parou de insistir.
Apesar de toda a pressão de Mancuso, Coppola completou as filmagens antes do previsto. Novamente, para conseguir lançar o filme a tempo do Natal, Mancuso contratou um exército de montadores, os fez trabalhar ininterruptamente e os pagou (sem esconder a ninguém) aproximadamente 50 vezes o que teria custado para contratar a um só montador. Assim como acontecia com tantos “filmes-eventos” na Nova Hollywood, uma vez que o filme estivesse encaminhado, o dinheiro, em quantias desconcertantes, estava sempre disponível.
Como Mancuso esperava, O Poderoso Chefão – Parte 3 foi lançado a tempo do Natal de 1990. Seu custo de produção foi de aproximadamente 54 milhões de dólares, 10 milhões acima de seu orçamento original. Em larga medida, o estouro do orçamento foi culpa de Mancuso, e, para seu crédito, mesmo quando o filme não fez tanto sucesso quanto esperado, ele nunca culpou Coppola por não manter o orçamento. Ele entendeu que a sua pressa para lançar o filme a tempo do final do ano foi a “verdadeira” razão para os excessos no orçamento e, sem dúvida, percebeu que as bilheterias domésticas iniciais do filme eram uma parte muito pequena de sua maior importância para o estúdio. Em seu lançamento doméstico inicial, O Poderoso Chefão – Parte 3 faturou aproximadamente 70 milhões; tomado separadamente, um valor decepcionante. Ajustando as diferenças de valor entre 1972, 1974 e 1990 e as diferenças nos preços dos ingressos, O Poderoso Chefão – Parte 3 foi, por uma margem significativa, o filme da trilogia que fez menos sucesso.
Jon Lewis, escritor, em Francis Ford Coppola’s The Godfather Trilogy (Cambridge University Press, 2000), com tradução e publicação de trecho no catálogo da mostra Francis Ford Coppola – O Cronista da América (CCBB; pgs. 100 e 101; tradução de André Duchiade). Acima e abaixo, Coppola com seu elenco durante as filmagens.
ACOMPANHE NOSSOS CANAIS: Facebook, YouTube e Telegram
Veja também:
Bastidores: Um Tiro na Noite
Poderoso chefão 3 vi a primeira vez 20 anos atrás e revi esse ano depois de ter revisto os dois primeiros esse ano.Alguns só falam mal da atuação de Sophia Coppola mas eu defendo que sua atuação foi boa mas mesmo assim considero ela melhor como diretora e roteirista.Teve algumas participações especiais como do ator Eli Wallach.Pena que Robert Duvall ficou de fora mas mesmo assim o filme não é ruim nem de longe e vejo que fecharam bem a trilogia do filme e claro que não posso esquecer do Andy Garcia que convenceu como um suposto filho do Sony.Entendo a razão de Coppola ter feito uma nova edição mas não acho nada ruim a versão original que foi lançada.Disponível na operadora NET essa nova versão de Poderoso chefão 3.