Minha terceira mulher, Mary Sweeney, e um amigo dela, John Roach, tiveram a ideia de escrever um roteiro sobre Alvin Straight. A história fora publicada em jornais, com base em uma situação real. Eles conversaram comigo a respeito: “Estaria interessado em filmar isso?”. Durante três anos, eles conversaram comigo, e eu não tinha nenhum [enfatiza] interesse pela história. [risos] Mas, quando terminaram o roteiro, eles o enviaram a mim e eu me sentei e comecei a ler, e esse roteiro me emocionou. E eu disse: “isso é muito bonito.”. E mudei completamente minha opinião a respeito. E sempre digo que, embora seja linear, trata-se de meu filme mais experimental, pois há poucos elementos nessa história que seguem uma linearidade. E a maneira como se consegue emoção a partir desses poucos elementos… Não há nada, além disso, é algo direto. Por isso, trata-se de algo, de certa forma, experimental. Muitas vezes, todos os elementos precisavam me parecer bons para que a emoção aflorasse. E todos nós sabemos como é isso. Às vezes, vemos atores ou atrizes chorando na tela, e o público nada sente. E talvez vejamos atores ou atrizes rindo na tela, e todo o público está comovido. Pois as pessoas sentem o que aquele riso significa. É um negócio muito complicado. Mas eu me apaixonei por causa da emoção. E esse filme é diferente de outros filmes que fiz, embora se aproxime, de certa forma, de O Homem Elefante.
David Lynch, cineasta, em entrevista ao programa Roda Vida (TV Cultura; 3 de novembro de 2008; leia a entrevista completa aqui). A pergunta foi feita pelo crítico de cinema José Geraldo Couto, que também observou que o filme, com o título de The Straight Story, “parece brincar com os vários sentidos da palavra straight em inglês”. Acima, o ator Richard Farnsworth, que interpreta Alvin Straight; abaixo, Lynch nas filmagens.
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