Acho que cada um, mesmo não sendo militante, deve participar dos problemas de seu país, e não simplesmente ir às urnas quando é preciso votar. Mesmo não me pondo o problema de fazer política, defender uma bandeira ou fazer um protesto, é natural para mim transformar em imagens e devolver ao público os problemas políticos e sociais.
Faço isso seguindo um percurso interno que procuro tornar o mais livre possível. Por muitos anos, nos impúnhamos como dever moral, gerando por vezes conflitos, o fato de ser forçosamente engajados e politicamente corretos no lugar de se permitir uma maior liberdade. O mundo nos abraça, entra em nosso corpo, e nós o devolvemos com as imagens que conseguimos fazer. Essa experiência de influência, de contaminação, de infecção do mundo ao redor faz parte da vida e não é possível escapar dela, sob o risco de se trancar num manicômio ou se fechar em seu próprio quarto sem nunca mais sair.
Marco Bellocchio, cineasta, em entrevista à revista Cult (nº 179, maio de 2013; pg. 8), na ocasião do lançamento de A Bela que Dorme no Brasil. Acima, Bellocchio nas filmagens de Em Nome do Pai; abaixo, Isabelle Huppert em cena de A Bela que Dorme.
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