A melhor era do cinema e o Oscar, segundo Pauline Kael

Em 1998, a crítica de cinema Pauline Kael, já aposentada, deu uma entrevista para a revista Modern Maturity. Falou de assuntos variados e revelou qual sua era preferida do cinema e o que pensa do prêmio Oscar.

MODERN MATURITY: Qual era do cinema você considera a melhor?

 

PAULINE KAEL: Os anos 70.

 

MM: Não são os anos 30 ou 40?

 

KAEL: Costumavam dizer isso, mas os anos 70 tinham filmes como Shampoo, Quando os Homens São Homens, M*A*S*H, O Poderoso Chefão, O Poderoso Chefão – Parte 2, Caminhos Perigosos e Taxi Driver. Essa foi uma época muito boa.

 

MM: Como os filmes dos anos 90 se sustentaram?

 

KAEL: Não muito bem. O financiamento do conglomerado significa que você obtenha grandes filmes de ação. Eles são os mais seguros; eles viajam internacionalmente e funcionam com um público analfabeto ou semianalfabeto. Mas efeitos especiais não refletem o que está acontecendo em uma cultura. Há uma “perdição” no ar que não está em nossos filmes.

 

MM: Um ícone cultural que está chegando em março é o Oscar. Você o estará assistindo na segunda à noite?

 

KAEL: Claro. Mas eu consegui escrever sobre filmes por toda a vida sem nunca escrever sobre os Prêmios da Academia. Essa é uma grande fonte de orgulho.

 

MM: Então você os odeia?

 

KAEL: Não posso dizer que os odeio. Eu apenas acho que eles são irrelevantes para críticas. Geralmente são apenas um concurso de popularidade, mas o Oscar também é um grande espetáculo cheio de ironia e sátira.

 

MM: Humphrey Bogart sugeriu certa vez que os cinco indicados a melhor ator entregassem o solilóquio de Hamlet aos eleitores. Isso não seria mais justo do que tentar comparar performances?

 

KAEL: Como você pode julgar os atores pela recitação de Hamlet? Eles podem ser do tipo físico ou emocional errado. O próprio Bogart teria sido um Hamlet desanimado.

 

MM: Então, como você melhoraria o sistema?

 

KAEL: É o que é. Além disso, é muito mais divertido reclamar e ver as roupas.

A entrevista foi concedida a Susan Goodman na edição de março/abril de 1998 da Modern Maturity e está disponível no site Scraps from the Loft (leia aqui em inglês). Acima, a crítica Pauline Kael.

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