Milius, sobre Apocalypse Now: “Todo mundo que trabalhou nesse filme teve transtorno de estresse pós-traumático”

Francis [Ford Coppola] tinha a altivez, a arrogância, a ambição de fazer Apocalypse Now. Sempre que dirijo um filme, digo: “Se ficar doente, estou disposto a morrer aqui”, e esse é o mesmo tipo de motivação que Francis teve. Havia um terrível tufão, e Francis dizia: “Vamos filmar! Vamos fazer algo! Pegue uma câmera! Vamos filmar! Foi para isso que viemos aqui”. Ele se tornou o Kurtz. A personalidade de Francis também é a mais semelhante à de Hitler que eu conheço: Hitler poderia convencer alguém de qualquer coisa, e Francis também. Francis é meu Führer. Eu o seguiria para o inferno. Apocalypse tirou tanto de tantas pessoas que todo mundo que trabalhou nele se sentiu como um veterano. Quando todos voltaram das Filipinas, as mesmas coisas que aconteceram com os veteranos do Vietnã começaram a acontecer com eles. Eles não trabalharam por muito tempo e sofreram depressões intensas, beberam e tiveram pesadelos. Todo mundo que trabalhou nesse filme teve transtorno de estresse pós-traumático. Eles mexeram com a guerra e ela os manchou.

John Milius, roteirista de Apocalypse Now, em Apocalypse Now: A Soldier’s Tale (publicado em Rolling Stone: The Seventies; Boston: Little-brown, 1998; pgs. 272-277; disponível em inglês no site Cinephilia & Beyond; leia aqui). Acima e abaixo, Coppola durante as filmagens, nas Filipinas.

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2 comentários sobre “Milius, sobre Apocalypse Now: “Todo mundo que trabalhou nesse filme teve transtorno de estresse pós-traumático”

  1. Foi um inferno que a equipe passou realmente.
    Hoje em dia ficaria mais fácil de filmar mas não teria o mesmo impacto.
    Ainda assim correu tudo bem apesar dos contratempos.
    O desafio foi tão grande que a esposa do Francis até fez um documentário sobre o desafio de filmar esse filme.
    Apesar de tudo valeu a pena e prevalece como um dos melhores da carreira de Coppola.

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