Acho que [o riso] se origina em sua infância. Desde os quatro anos de idade, ele foi, sem dúvida, a criança mais célebre da história. Era festejado em todas as cortes. Ele era tão delicioso que qualquer coisa que ele fizesse fazia rir os adultos. O menino fala as coisas seriamente, mas é tão encantador que todo mundo ri ruidosamente. Ele não entende as reações deles e, então, é levado a forçar seu riso. Inversamente, um adulto diz alguma coisa engraçada que todo mundo ri e o menino, que não entende, ri também para fazer parte do grupo. Mozart viveu essas situações tantas vezes em sua infância que aquele cacarejo tornou-se uma parte dele. Salvo que, aos 25 anos, isso não o faz mais parecer engraçado, mas estranho! Em relação a Salieri, é claro, aquele riso adquire uma significação suplementar: é Deus que zomba dele através desse cacarejar obsceno.
Milos Forman, cineasta, realizador de Amadeus, em entrevista a Michel Ciment em Hollywood – Entrevistas (Editora Brasiliense; pgs. 288 e 289). Acima, Tom Hulce solta o riso na pele de Wolfgang Amadeus Mozart.
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