O encontro de Clint Eastwood com Don Siegel

Você encontrou então um mentor e um cúmplice em Don Siegel. Como se estabeleceu essa relação privilegiada entre vocês?

 

Quando Meu Nome é Coogan estava em pré-produção, Don Siegel ficou sabendo que eu tinha pedido para ver alguns de seus filmes. O único que me era vagamente familiar era Vampiros de Almas. Projetaram para mim Os Impiedosos e A Caçada, suas duas produções precedentes para a Universal. Don, quando ficou sabendo, quis fazer a mesma coisa e pediu para ver os filmes que eu tinha feito com Sergio [Leone]. Ele gostou dos filmes, e foi assim que se estabeleceu nossa associação. Era um personagem, um original, e pensei que tínhamos sido feitos para nos entendermos.

 

Don Siegel passava por um tipo não acomodado, um rabugento, um tinhoso. Mas vocês fizeram seis filmes juntos…

 

Tivemos só uma briga no começo, porque Don insistia em estar no lugar da história  enquanto estava escrevendo. Se ele preparava uma história que se passava em Nova York, achava que deveria viver lá. Para mim, é o inverso. Eu prefiro me concentrar na história e fazer em seguida os ajustes necessários. Ele adorava ir nos próprios lugares e organizar tudo em função deles. Foi o que aconteceu com Meu Nome é Coogan; mas ele se preocupou tanto com a geografia, que a história ficou prejudicada. Quando ele voltou, tivemos que reescrever o roteiro, o que fizemos de comum acordo. Na verdade, era preciso sempre que Don tivesse um antagonista, fosse o estúdio ou o produtor. Isso vinha de suas brigas com Jack Warner. Geralmente, o inimigo era o produtor. Quando nos preparávamos para rodar Perseguidor Implacável, eu disse a ele: “Agora que você é seu próprio produtor, você não vai mais ser espírito de porco”. Ele riu na hora, mas acabou por culpar o diretor de produção! Don não gostava dos encarregados da produção. Sem dúvida ele os tinha conhecido como assistentes ou secretários, e os tratava como tal.

 

Podemos voltar à gênese deste filme excepcional que foi O Estranho que Nós

Amamos?

 

O Estranho que Nós Amamos? Foi o grande golpe de sorte para Don e para mim. A Universal, que detinha os direitos do romance, tinha um roteiro que me agradou e que passei a Don. Ele viu uma oportunidade de escapar dos filmes de gênero e tentar algo um pouco diferente. Era sobre a Guerra de Secessão, não era um western. Isso o agradou. Tivemos grande prazer em rodar esse filme, ainda que não tenha sido um sucesso comercial.

Clint Eastwood, ator e diretor, em entrevista a Michael Henry Wilson (Eastwood par Eastwood, reproduzida no catálogo da mostra Clint Eastwood – Clássico e Implacável, do Centro Cultural Banco do Brasil, 2011/2012; pgs. 128 e 129). Acima, Don Siegel e Eastwood nas filmagens de Alcatraz: Fuga Impossível; abaixo, nas de O Estranho que Nós Amamos.

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Veja também:
O Estranho que Nós Amamos, de Don Siegel

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