Os encontros de Anselmo Duarte com Federico Fellini

O único cineasta concorrente que cumprimentou-me pela vitória [no Festival de Cannes] foi Fellini. Eu já o admirava pela obra e passei a admirá-lo pessoalmente. Tornamo-nos amigos. (…) Saindo do Palácio do Festival, ele perguntou: “Você achou difícil a luta aqui, entre todos os mestres?”. Brincando, falei: “Não, achei fácil”. “Bravo!”, ele disse. “O difícil é ganhar a segunda. Vão te malhar tanto agora, te criticar tanto, que tudo que você fizer estará regredindo.” E foi o que sucedeu.

Dez anos depois voltei a encontrar o Fellini na Itália. Estava filmando Roma. Aproveitei para conhecer Cinecittà, onde filmava. Interrompeu a cena e me apresentou, dizendo que eu tinha vencido os grandes cineastas italianos. Na verdade, foi mais explícito e disse que eu tinha, fez um gesto, todos os mestres italianos. Depois me convidou para jantar.

Anselmo Duarte, cineasta, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1962 por O Pagador de Promessas, em Adeus Cinema, de Oséas Singh Jr. (Editora Massao Ohno; pg. 90).

Apesar de dizer que Federico Fellini era concorrente, naquela edição nenhum filme do cineasta estava na corrida pela Palma. Outros italianos apareciam na disputa, como Michelangelo Antonioni (O Eclipse) e Pietro Germi (Divórcio à Italiana). Acima e abaixo, Duarte com o prêmio.

Veja também:
O encontro de Glauber com Mojica

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