Nos filmes abaixo, o conflito dá-se quase sempre em ambientes privados, no espaço da casa, na relação entre patrões e empregados. O embate – no centro ou não da trama – produz inegável reflexão. Dos anos 1930 ao cinema recente, de Renoir a Bong Joon Ho, 25 títulos escolhidos a dedo.
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A Regra do Jogo, de Jean Renoir
A relação entre criados, seus patrões e convidados em alguns dias em uma casa de campo. Em algum momento, a comédia encontra a tragédia.
Rebecca, a Mulher Inesquecível, de Alfred Hitchcock
A empregada, interpretada pela genial Judith Anderson, tem desejos reprimidos e passa a perseguir a nova patroa, vivida por Joan Fontaine.
O Ídolo Caído, de Carol Reed
A criança observa o mundo adulto. Na grande casa, segue os passos de seu mordomo (Ralph Richardson), homem casado que tem uma amante.
Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder
O mordomo mantém a patroa em uma redoma: faz com que ela, uma atriz, acredite ainda ser grande, ter sucesso, com cartas que ele mesmo escreve.
Senhorita Júlia, de Alf Sjöberg
Uma curiosa história de amor entre o criado e sua patroa, em uma obra-prima nem sempre lembrada. Grande Prêmio no Festival de Cannes.
Imitação da Vida, de Douglas Sirk
Há uma versão anterior, mas a de Sirk, em cores, é melhor. Em cena, a patroa, sua criada e suas filhas. Melodrama sobre viver para interpretar.
Hanyo, a Empregada, de Kim Ki-young
História de dominação e dependência na qual nem patrão nem criada são aliviados. A certa altura, a casa vira um inferno e todos são vítimas.
O Criado, de Joseph Losey
O criado recém-chegado à casa é manipulador, move-se com cuidado e logo domina seu patrão. As relações perigosas movem-se ao desejo físico.
O Diário de uma Camareira, de Luis Buñuel
Celestine, vivida por Jeanne Moreau, transforma a casa de seus patrões quando passar a flertar com diferentes homens. Da obra de Octave Mirbeau.
A Negra de…, de Ousmane Sembene
Sembene é provavelmente o cineasta mais importante do continente africano. Nesse filme, revela as dores de uma empregada negra na França.
Os que Chegam com a Noite, de Michael Winner
Conta o que ocorreu antes da história de A Volta do Parafuso. Marlon Brando faz o criado envolvido com a professora da casa, aos olhos das crianças.
Whity, de Rainer Werner Fassbinder
O protagonista é o mordomo negro que aceita as chibatadas do patrão, que observa os brancos com fascínio e passa maquiagem nos lábios.
Gritos e Sussurros, de Ingmar Bergman
Doente, perto da morte, uma mulher encontra o afeto apenas na companhia de sua criada. Ao lado, as irmãs observam os últimos dias de sua vida.
O Fiel Camareiro, de Peter Yates
Albert Finney e Tom Courtenay estão brilhantes. O primeiro é o ator, o segundo seu camareiro. O filme mostra a dependência entre ambos.

Chocolate, de Claire Denis
Na África, mulher branca francesa revela desejos sexuais pelo criado negro. O foco no colonialismo é original. O drama da diretora é delicado.
Conduzindo Miss Daisy, de Bruce Beresford
A forma servil do motorista negro é frequentemente criticada. Ainda assim, o filme de Beresford conquista com sua história de amizade e aceitação.
Vestígios do Dia, de James Ivory
Mordomo fiel não consegue se despregar do trabalho e isso afeta inclusive sua capacidade de demonstrar afeto. Hopkins perfeito como protagonista.
Mulheres Diabólicas, de Claude Chabrol
Duas mulheres tomam decisões extremas em relação à família para qual uma delas trabalha. Com Isabelle Huppert e Sandrine Bonnaire.
Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman
O mestre Altman aproxima-se do Renoir de A Regra do Jogo. Uma casa de campo com burgueses e seus empregados. Certa noite, um assassinato.
Casa Grande, de Fellipe Barbosa
Os negócios do dono da casa vão mal. Seu filho descobre o mundo externo, as diferenças sociais e se envolve com sua empregada.
Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert
Regina Casé vive a empregada que recebe a filha, menina que vai para a cidade grande fazer vestibular e confronta os patrões da mãe.
Lady Macbeth, de William Oldroyd
Em sua escalada para dominar a grande casa, a mulher do patrão manipula a todos, inclusive os criados. Florence Pugh tem ótimo momento.
A Favorita, de Yorgos Lanthimos
A disputa pelo poder e pela atenção da rainha leva duas mulheres a atos inimagináveis nesse filme às vezes exagerado e cômico.
Roma, de Alfonso Cuarón
O grande diretor relembra sua infância, no México dos anos 70, e as relações de sua família com a empregada silenciosa e cheia de coração.
Parasita, de Bong Joon Ho
Uma família pobre passa a trabalhar na casa de uma família rica. Mas a manobra para ganhar dinheiro transforma-se em algo assustador.
SOBRE O AUTOR:
Rafael Amaral é crítico de cinema e jornalista (conheça seu trabalho)
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Legal, sem dúvida. O único reparo é o de “onde encontrar os filmes mais antigos?”. Os mais recentes, sei, estão em algumas plataformas, mas outros…
Realmente nem todos são fáceis de achar. Entendo. Mas tem que garimpar mesmo. Abraços!
É certo que a lista pode ser bem maior. Deixo como sugestão sobre a temática o filme “Le Couperet” (2005) que aborda uma problemática muito próxima de experiência que vivi quando fui servidor municipal no Rio de Janeiro. Tive mais sorte que os personagens do filme.
https://fr.wikipedia.org/wiki/Le_Couperet_(film)
https://www.rottentomatoes.com/m/the_ax_2005
Opa, obrigado pela dica. Pretendo assistir. Abraços!