Em décadas de trabalho atrás das câmeras, Federico Fellini fez nascer – em outros filmes, em quadros, em publicidade e, por que não?, na própria vida – o felliniano. Encontrá-lo é, através de outras coisas, das mais variadas, o próprio Fellini. Nesse sentido, o mestre está vivo.
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10) Toby Dammit (episódio de Histórias Extraordinárias) (1968)
O terceiro e melhor episódio do filme, que fecha bem a obra após Roger Vadim e Louis Malle. O protagonista felliniano é o ator vivido por Terence Stamp, outro que se vê pressionado pelas estruturas; no carro que acaba de ganhar, em alta velocidade, enxerga as insinuações da morte.
9) Estrada da Vida (1954)
Gelsomina (Masina) e Zampano (Anthony Quinn) são diferentes em tudo. Ela é infantil, vive em seu próprio universo, poço de bondade; ele é bruto, tosco, vive aos berros a bordo de sua moto-palco pelas estradas da Itália. A mudança para ele demora a chegar. A tragédia avizinha-se.
8) Roma de Fellini (1972)
Entre imagens que soam realistas e outras em caminho oposto, Fellini volta a se debruçar sobre a “cidade mãe” que acolhe diferentes criaturas – de seu trânsito caótico ao desfile de moda religiosa, da incursão por um bordel ao encontro da poderosa Anna Magnani.
7) Os Boas-Vidas (1953)
A história de cinco vitelloni, rapazes imaturos, mulherengos, que vivem para curtir a vida, ainda sustentados por suas famílias. O rumo do grupo muda pouco a pouco: um deles engravida uma garota e é obrigado a casar; outro pensa em sair dali, tomar um trem e ir para a cidade grande.
6) Julieta dos Espíritos (1965)
Costuma ser chamado de “versão feminina de Oito e Meio”. Para sua musa, Masina, Fellini dá outra grande personagem, a mulher inicialmente retraída, enganada pelo marido (que tem uma amante) e levada a conhecer o espaço de liberdade da vizinha, outro universo possível.
5) Satyricon de Fellini (1969)
A composição de personagens grotescas vai aqui ao encontro de jovens livres, um pouco como a geração “paz e amor” da época. Fellini constrói o inferno e lhe dá o nome de Roma. Imagina o que a cidade pode ter sido em obra labiríntica na qual é impossível prever qualquer situação.
4) Noites de Cabíria (1957)
A prostituta de Giulietta Masina tem uma forma inegavelmente chapliniana. Começa e termina na derrota; encontra, nas duas pontas, algum motivo para continuar – até mesmo para sorrir, por uma estrada, sem caminho certo. Rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.
3) Amarcord (1973)
Fellini demorou um pouco para assumir que a cidade do filme é sua cidade natal, Rimini. Desfilam por ali os tipos provincianos que ele conheceu bem. Ao centro, uma família, os conflitos entre pai e filho, também as várias personagens que assistem à evocação do fascismo.
2) A Doce Vida (1960)
Resumo de um tempo, na Itália, quando fotógrafos da imprensa marrom debatiam-se para arrancar a melhor (ou a pior) imagem das celebridades. É por esse meio que passa o protagonista de Marcello Mastroianni, jornalista cínico em busca de uma saída e em diferentes episódios.
1) Oito e Meio (1963)
O autor volta a si mesmo. Conta a história de um diretor de cinema pressionado por todos: pelas mulheres, pelos produtores, pelos jornalistas, pelos pais, pelas estruturas do filme que nunca termina e, talvez mais do que todos os itens enumerados, pela própria memória.
AUTOR: Rafael Amaral, crítico e jornalista

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