Federico era terrível com seus atores. [pensa um pouco] Era um torturador. Um ditador, um demônio. Vocês não sabem como é. As primeiras semanas de filmagem [de Casanova de Fellini] foram o inferno na Terra. (…) Ele escolhia o elenco, mas não pegava os mais telegênicos e sim os que eram ideais para o filme dele. E aí ele esperava que o escolhido fizesse o que ele achava que faria. Para ele, detalhar o que faria seria reduzir sua fantasia tridimensional. Isso o irrita muito. Então ele começa a gritar. Ele parecia uma criança mimada. É muito histérico. (…) Ele atormentava todo mundo. Gritava sempre, reclamava sempre. É parte integral do processo criativo dele. (…) Ele aparecia com três páginas. Três páginas inteiras com uma cena nova. Um monólogo. E dizia: “decore isso”. Você perguntava: “para quando?”. Ele respondia: “daqui cinco minutos”. Ele colocava muitos diálogos de improviso. E depois de cinco ou seis semanas ele dirigia de boca fechada.
Donald Sutherland, ator, protagonista de Casanova de Fellini, em depoimento ao documentário Fellini: Eu Sou Um Grande Mentiroso, de Damian Pettigrew (2002; lançado no Brasil nos extras do DVD de Os Palhaços; Dreamland Filmes). Acima, ao fundo, Sutherland em cena de Casanova; abaixo, o ator nas filmagens.
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