A diferença entre abordar temas na arte e no gênero é uma questão de conforto. E acho que é uma questão de intelecto. Por exemplo, o que acontece em A Mosca seria muito difícil de interpretar em um drama normal. Basicamente, um cara atraente conhece uma garota atraente e, em seguida, contrai uma terrível doença devastadora e a garota observa enquanto ele se deteriora e, finalmente, ela ajuda a matá-lo. Esse é realmente o enredo de A Mosca em um nível emocional, e isso seria muito difícil de ser seguido se fosse apenas um drama realista. Mas quando é uma mistura de horror e ficção científica, isso meio que permite que o público tenha alguma distância e eles ainda sentem o impacto emocional dessas coisas, mas isso lhes dá um pouco de segurança, sabe? Mas em termos de um filme como Mistérios e Paixões ou Crash, é apenas uma questão de com o que as pessoas estão acostumadas e o que elas esperam de um filme. E quando elas não estão conseguindo a estrutura com a qual estão familiarizadas ou uma abordagem estética que entendem, há uma distância lá, mas não é uma boa distância. É desanimador para elas. Portanto, nesse ponto, o apelo é para um público muito mais restrito, que possa entender você e se envolver com o filme que você fez.
David Cronenberg, cineasta, em depoimento destacado em Cinephilia & Beyond (“Eros and Thanatos Collide in David Cronenberg’s Id-Driven Adaptation of J.G. Ballard’s ‘Crash’”, de Koraljka Suton; leia aqui em inglês). Acima, o cineasta ao lado da criatura de Mistérios e Paixões; abaixo, Rosanna Arquette em Crash: Estranhos Prazeres.
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