Abundam amores imperfeitos no cinema. É o que se vê nos 15 filmes abaixo: um amontoado de idas e vindas, sentimentos verdadeiros, discussões, dores e descobertas – e até um pouco de comédia. Há obras que mostram casais unidos após anos, confrontando problemas; outras, sobre pessoas que se juntaram há pouco tempo e precisam superar suas crises.
Aurora, de F.W. Murnau
O homem tem uma amante da cidade e, após pensar em matar a mulher, tenta reconquistá-la. O título original dessa obra-prima fala sobre uma “canção de dois humanos”. Murnau em seu máximo.
O Atalante, de Jean Vigo
Começa com o casamento. Festa, gente pela rua, e o caminho à barca onde o casal passará a viver. Ele está habituado àquela vida, ela, nem tanto. O conflito é inevitável nesse filme monumental. Pena que Vigo morreu cedo.
Viagem à Itália, de Roberto Rossellini
Provavelmente o melhor de Rossellini. Apresenta a crise de um casal que viaja pela Itália e passa pelo solo de vulcões e velhos cadáveres conservados, enquanto tenta se entender nessa trilha de reconstrução.
A Noite, de Michelangelo Antonioni
Na segunda parte da Trilogia da Incomunicabilidade, Mastroianni e Jeanne Moreau caminham sem rumo: pela cidade, por hospitais e festas de gente chique e influente. Pela manhã, precisam se confrontar.
Uma Mulher Casada, de Jean-Luc Godard
O diretor francês enche o filme de planos de detalhes para falar da vida e do cotidiano de uma mulher, em apenas um dia, entre o marido e o amante. Mas, como se trata de Godard, o resumo não é fácil.
Faces, de John Cassavetes
O pai do cinema independente americano faz outro estudo brilhante dos relacionamentos. É sobre um homem que resolve deixar a mulher para ficar com a amante que acaba de conhecer. Em cena, Gena Rowlands.
Nós Não Envelheceremos Juntos, de Maurice Pialat
O grande Pialat mostra um relacionamento conturbado entre um bruto cineasta e sua mulher, que, por motivos nem sempre fáceis de compreender, acaba o aceitando volta. Isso, claro, poderá mudar.
Cenas de um Casamento, de Ingmar Bergman
O filme de Bergman nasceu primeiro como minissérie e está entre os melhores exemplares sobre conflitos amorosos na tela. Passa do casamento à separação, depois ao adultério, com diálogos inspirados e cortantes.
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de Woody Allen
O diretor fez esse filme em homenagem à sua musa, Diane Keaton, e aborda um comediante (Allen) em dúvida sobre relacionamentos e em constantes viagens à memória. Oscar de melhor filme, diretor, roteiro e atriz.
Noites de Lua Cheia, de Eric Rohmer
Ela quer ir embora, ser independente. Ele não a entende, mas aceita. Nessas idas e vindas, ambos descobrem que amor e liberdade nem sempre são compatíveis. Rohmer é um dos grandes cronistas do cinema moderno.
Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami
O casal parece ter acabado de se conhecer. Mais tarde o passado vem à tona durante uma viagem de transformação (outra!), nesse filme maravilhoso no qual Kiarostami questiona o que é verdadeiro e o que é cópia.
Antes da Meia-Noite, de Richard Linklater
Eles estiveram juntos em filmes passados, separaram-se e voltaram a se encontrar. Agora estão casados: vivem aquele ponto em que tudo parece se dissolver e em que precisam aparar as arestas para seguir em frente.
Um Homem Fiel, de Louis Garrel
Uma mulher sai com dois homens, melhores amigos. Separa de um e fica com o outro. Mas quando o atual companheiro morre, o retorno ao anterior é o caminho esperado. E esse é apenas o início do filme de Garrel.
Guerra Fria, de Pawel Pawlikowski
Em tempos de extremismo, de divisões sociais, o amor tenta resistir. Atravessa décadas, entre encontros e trombadas, ao passo que os amantes nunca se esquecem. Trabalho magistral do mesmo diretor de Ida.
História de um Casamento, de Noah Baumbach
O que há de mais triste nesse filme de Baumbach é perceber que o casal ao centro – ela uma atriz, ele um diretor de teatro – ainda se ama. Algo sai dos trilhos. Chega a hora de se separar. Entre eles, um filho.
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Uau, que lista preciosa! Desses só vi Closer, Antes da Meia-Noite e Noivo neurótico… Fiz um post recentemente com o mesmo tema e curti as dicas. Vou acrescentar na minha listinha!
Dentre os que vi, Antes da meia noite, Closer, Noivo neurótica..,A Noite, Viagem à Itália, Cenas de um casamento foi o que eu mais sofri junto com os personagens. E Saraband complementa.
Reblogged this on o meu nome é poesia.
Bela lista! Mas há dois filmes franceses constantemente esquecidos que são um par: é preciso assistir aos dois. Coisa dos anos 60. Trata-se de “Diário de Um Homem” e “Diário de Uma Mulher”. É sobre um casamento em crise. Muito bom e o formato era inédito! Assistir aos dois para sacar um pouco da verdade entre o casal? Formidável.
Obrigado pelas dicas. Vou procurar. E obrigado pela visita. Volte sempre!
Há o excelente filme francês “A Separação” (1994) com Daniel Auteuil e Isabelle Huppert. O casal dá um show como só os europeus conseguem: aquele drama contido.
E há também os ótimos “Um Copo de Cólera” com Alexandre Borges e Júlia Lemmertz (1999) e “Eu Sei Que Vou te Amar” ( 1986) com Fernanda Torres e Thales Pan Chacon
E falando em “Eu sei que vou te amar”, a Fernanda Torres ganhou, por este filme, o prêmio de melhor atriz em Cannes. E Arnaldo Jabor, o diretor, foi um dos nomeados ao prêmio de melhor filme.
La Famme da Côte, com Fany Ardant e Gérard Depardieu, direção François Trauffaut, maravilhoso!!!
Bem lembrado! Filme maravilhoso!