Uma década entre o luxo de Visconti e a modernidade de Fellini, entre a raivosidade de Peckinpah e a imersão à alma de Bergman. A década da total mudança, com os efeitos irreversíveis da nouvelle vague de Truffaut, Godard, Rivette, Rohmer, com o extraordinário cinema político italiano e o inventivo cinema novo brasileiro.
A resistência de Hollywood aos ares da mudança fracassa. Em Bonnie & Clyde, a violência toma outra forma, a balada é apaixonante e às vezes engraçada. Com Kubrick, o medo da bomba – e a corrida ao infinito. Com Antonioni, o vazio existencial nunca foi tão doloroso. Com Sganzerla e Candeias, um Brasil real, incontornável. À lista.
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100) O Demônio das Onze Horas, de Jean-Luc Godard
99) Marketa Lazarová, de Frantisek Vlácil
98) O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha
97) Três Homens em Conflito, de Sergio Leone
96) Beijos Proibidos, de François Truffaut
95) Paixões que Alucinam, de Samuel Fuller
94) Tempestade Sobre Washington, de Otto Preminger
93) A Margem, de Ozualdo Ribeiro Candeias
92) Sem Destino, de Dennis Hopper
91) Lolita, de Stanley Kubrick
90) Porto das Caixas, de Paulo César Saraceni
89) O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski
88) Paris nos Pertence, de Jacques Rivette
87) Minha Noite com Ela, de Eric Rohmer
86) As Duas Faces da Felicidade, de Agnès Varda
85) A Cidade dos Desiludidos, de Vincente Minnelli
84) Portal da Carne, de Seijun Suzuki
83) O Processo, de Orson Welles
82) A Tristeza e a Piedade, de Marcel Ophüls
81) A Noite dos Desesperados, de Sydney Pollack
80) O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade
79) Z, de Costa-Gavras
78) O Garoto Toshio, de Nagisa Oshima
77) Disparo para Matar, de Monte Hellman
76) O Baile dos Bombeiros, de Milos Forman
75) Mulheres Apaixonadas, de Ken Russell
74) Trinta Anos Esta Noite, de Louis Malle
73) Os Inocentes, de Jack Clayton
72) Julieta dos Espíritos, de Federico Fellini
71) A Esposa Solitária, de Satyajit Ray
70) Luz de Inverno, de Ingmar Bergman
69) Kes, de Ken Loach
68) O Criado, de Joseph Losey
67) Tudo Começou no Sábado, de Karel Reisz
66) Os Pássaros, de Alfred Hitchcock
65) A Bela da Tarde, de Luis Buñuel
64) Madre Joana dos Anjos, de Jerzy Kawalerowicz
63) À Queima Roupa, de John Boorman
62) O Posto, de Ermanno Olmi
61) Túmulo do Sol, de Nagisa Oshima
60) O Segundo Rosto, de John Frankenheimer
59) O Jogo da Guerra, de Peter Watkins
58) Se Meu Apartamento Falasse, de Billy Wilder
57) Se…, de Lindsay Anderson
56) Gertrud, de Carl Theodor Dreyer
55) Viridiana, de Luis Buñuel
54) Clamor do Sexo, de Elia Kazan
53) Memórias do Subdesenvolvimento, de Tomás Gutiérrez Alea
52) O Ano Passado em Marienbad, de Alain Resnais
51) Rocco e Seus Irmãos, de Luchino Visconti
50) As Três Máscaras do Terror, de Mario Bava
49) A Hora do Lobo, de Ingmar Bergman
48) O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla
47) Onibaba – A Mulher Demônio, de Kaneto Shindo
46) Desafio à Corrupção, de Robert Rossen
45) Antes da Revolução, de Bernardo Bertolucci
44) Playtime – Tempo de Diversão, de Jacques Tati
43) Satyricon de Fellini, de Federico Fellini
42) Acossado, de Jean-Luc Godard
41) Meu Nome é… Tonho, de Ozualdo Ribeiro Candeias
40) A Colecionadora, de Eric Rohmer
39) Doutor Fantástico, de Stanley Kubrick
38) O Desprezo, de Jean-Luc Godard
37) Os Companheiros, de Mario Monicelli
36) Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos
35) Terra de um Sonho Distante, de Elia Kazan
34) O Enforcamento, de Nagisa Oshima
33) O Exército das Sombras, de Jean-Pierre Melville
32) Noite e Neblina no Japão, de Nagisa Oshima
31) Era uma Vez no Oeste, de Sergio Leone
30) Andrei Rublev, de Andrei Tarkovski
29) Bandidos em Orgosolo, de Vittorio De Seta
28) Viver a Vida, de Jean-Luc Godard
27) Noite Vazia, de Walter Hugo Khouri
26) A Espada da Maldição, de Kihachi Okamoto
25) Psicose, de Alfred Hitchcock
24) Eu Sou Cuba, de Mikhail Kalatozov
23) A Mulher de Areia, de Hiroshi Teshigahara
22) Terra em Transe, de Glauber Rocha
21) De Punhos Cerrados, de Marco Bellocchio
20) Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade
19) O Bandido Giuliano, de Francesco Rosi
18) Harakiri, de Masaki Kobayashi
17) A Aventura, de Michelangelo Antonioni
16) Meu Ódio Será Sua Herança, de Sam Peckinpah
15) Blow-Up – Depois Daquele Beijo, de Michelangelo Antonioni
14) Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn
13) A Tortura do Medo, de Michael Powell
12) São Paulo Sociedade Anônima, de Luiz Sérgio Person
11) O Samurai, de Jean-Pierre Melville
10) A Grande Testemunha, de Robert Bresson
A personagem central é um animal, um burrinho que atravessa o filme e encontra os problema do mundo. Bresson, como costume, é seco, direto, de um drama cortante e que com facilidade hipnotiza o público.
9) O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel
Grupo burguês vê-se preso a uma grande casa após um jantar. É deixado pelos criados e de lá não consegue sair mais. O tempo passa, a animalidade dá as caras. Obra máxima do grande diretor espanhol.
8) 2001: Uma Odisseia na Espaço, de Stanley Kubrick
A viagem às estrelas é um encontro com o próprio interior. A vida alienígena reduz-se ao monólito preto, retangular, ao passo que o computador inteligente revela humanidade apenas com a voz, sem forma aparente.
7) A Doce Vida, de Federico Fellini
O retrato perfeito de uma década – ou do que seria uma década. Retrato de um tempo, de pessoas mesquinhas e atrás de prazer, tão inclinadas à tragédia quanto às orgias – tudo aos olhos de um escritor desanimado.
6) Lawrence da Arábia, de David Lean
A fotografia perfeita, o tempo preso à tela do cinema, o infinito feito película. Tudo para a história de T.E. Lawrence, interpretado por Peter O’Toole, herói efeminado que aprende a amar o deserto.
5) Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha
A música final aponta à transcendência, à utopia: “O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão”. Sob tal efeito, o casal corre rumo ao oceano. Corrida desesperada, em um dos grandes encerramentos simbólicos do cinema.
4) Quando Duas Mulheres Pecam, de Ingmar Bergman
Duas mulheres, uma mulher. Um filme enigmático, curto e profundo. Bergman em seu momento maior. O encontro entre duas mulheres em uma ilha, isoladas: uma como voz, a outra como ouvinte.
3) A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo
A ficção assemelha-se ao documentário. A confusão é salutar: o filme de Pontecorvo retorna à história da libertação argelina pouco depois dos fatos, com pessoas reais representando o que sentiram na pele.
2) Oito e Meio, de Federico Fellini
O protagonista é um diretor de cinema em crise criativa, às voltas com seus sonhos, retornos ao passado e casos de amor. No início, sai de um carro e voa ao céu. Mastroianni é o alter ego de Fellini.
1) O Leopardo, de Luchino Visconti
Dono de raízes aristocráticas, Visconti era comunista. Depois de passar pelo neorrealismo, converte-se a um cinema de luxo e faz algumas das mais belas produções do cinema italiano e mundial. O Leopardo, da obra de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, é grande em todos os sentidos: visual, temático, representativo. É sobre a transformação da Itália, sobre um homem velho que vê a própria morte enquanto encara a beleza, sobre um baile que marca esse rito de passagem. Cinema de sonho.
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Cineastas mais presentes na lista:
- Quatro filmes: Federico Fellini, Jean-Luc Godard, Nagisa Oshima.
- Três filmes: Glauber Rocha, Ingmar Bergman, Luis Buñuel, Stanley Kubrick.
- Dois filmes: Alfred Hitchcock, Elia Kazan, Eric Rohmer, Jean-Pierre Melville, Joaquim Pedro de Andrade, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni, Ozualdo Ribeiro Candeias, Sergio Leone.
SOBRE O AUTOR:
Rafael Amaral é crítico de cinema e jornalista (conheça seu trabalho)

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