(…) é um filme sobre o retrato da violência na mídia, nos filmes. É meio que, pelo menos, uma tentativa de analisar dentro do trabalho… Para fornecer uma análise do trabalho dentro de um trabalho. Eu leio diversas notícias, principalmente depois de O Vídeo de Benny, sobre atos criminais cometidos por adolescentes que sempre vieram de boas famílias e cujas ações não poderiam ser explicadas por fatores sociais. Crianças criadas em famílias mais ou menos burguesas que cometiam crimes não por vingança ou por dinheiro, mas simplesmente pelo prazer de experienciar uma adrenalina. Isso me incomodava demais e foi o impulso dessa história. Eu simplesmente queria fazer um filme que abordava diretamente como a violência é retratada em um filme. Isso foi o que me interessou. [Os assassinos] são o par clássico: o palhaço branco e o palhaço bobo. No circo, são personagens recorrentes. (…) E todas as regras que existem para manter a sociedade funcionando não são nada para eles. Enfrentando personagens assim, você não tem nenhuma chance. Acho que isso é o mais chocante. A ansiedade de ser confrontado por alguém que não reage de uma maneira como alguém normalmente reage na sociedade, quando a intocabilidade do outro é respeitada. Porque esse é o consenso básico que devemos ter. Se isso é perdido, estamos perdidos.
Michael Haneke, cineasta, sobre Violência Gratuita, a Serge Toubiana. O depoimento está nos extras do DVD (Obras-Primas do Cinema).
Veja também:
O Tempo do Lobo, de Michael Haneke
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