Bons exemplos de cinema, os filmes abaixo também podem – e devem – ser discutidos em outras esferas. Retratam, sob o olhar de cineastas distintos, a questão de gênero e a diversidade sexual a partir de histórias humanas, com barreiras a serem quebradas. Em todas vem à tona o preconceito.
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Num Ano de 13 Luas, de Rainer Werner Fassbinder
Elvira (Volker Spengler), antes Erwin, é a protagonista transexual desse filme poderoso do mestre Fassbinder. Cinema que provoca, às vezes choca, a partir de um labirinto de sofrimento que leva a pensar em outro filme, anterior, do mesmo cineasta: As Lágrimas Amargas de Petra von Kant. Em determinada altura, uma amiga de Elvira sugere que ela mudou de sexo para satisfazer o homem que amava.
Meninos Não Choram, de Kimberly Peirce
A jornada de Brandon Teena, em interpretação maravilhosa e premiada de Hilary Swank. Contra ela, os rapazes homofóbicos, violentos, de uma região em que quase todos não compreendem suas escolhas. Ao longo dessa história, ela apanha, é presa, é perseguida – e também ama a garota loura com quem protagoniza uma cena de sexo na qual todo o desejo transborda nos olhos da incrível Chloë Sevigny.
Transamérica, de Duncan Tucker
A Academia errou ao não dar o prêmio de melhor atriz para Felicity Huffman. A personagem é difícil, em muitos momentos contida, que grita em silêncio, em um road movie de descobertas no qual um rapaz encontra uma mãe ao invés de um pai. E essa viagem chega em época de grandes mudanças para a protagonista: ela está prestes a realizar a tão aguardada cirurgia de mudança de sexo.
XXY, de Lucía Puenzo
O delicado filme de Puenzo leva à história de um intersexual, uma hermafrodita, Alex (Inés Efron), que foi criada como menina pelos pais em região à beira-mar do Uruguai. Mais tarde, Alex decide parar de tomar hormônios e parece se identificar como homem, ou mesmo não apresenta definição. A obra aborda não apenas o drama da personagem, mas também o da família, sem saber lidar com a questão.
Tomboy, de Céline Sciamma
O cotidiano da menina Laure (Zoé Héran), que passa a se apresentar aos vizinhos como Michaël, é o centro do trabalho de Sciamma. A questão de gênero é aqui levada à infância e pré-adolescência, com brincadeiras e relações entre jovens em um bairro de classe média francês. A direção busca sempre o rosto do protagonista e consegue, sem grande esforço, levar o espectador ao centro de suas tensões.
Laurence Anyways, de Xavier Dolan
Quando o professor Laurence (Melvil Poupaud) começa a se vestir com roupas de mulher, seus alunos e outros professores não entendem. Ficam chocados. Além da questão, o filme aborda sua relação, aqui central, com a namorada (Suzanne Clément), cujo amor pelo protagonista faz com que continue ao seu lado, com o passar dos anos. O diretor Dolan também abordou a diversidade sexual em outros filmes.
A Garota Dinamarquesa, de Tom Hooper
Com os contornos típicos do “drama de Oscar”, o trabalho de Hooper segue os passos de Einar (Eddie Redmayne) e como se transformou em Lili Elbe. O que poderia ser apenas uma provocação nas festas dos anos 20, com roupas femininas e a companhia da mulher (Alicia Vikander), torna-se questão de vida para Lili. O próximo passo é se tornar a primeira pessoa a se submeter à cirurgia de mudança de sexo.
Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert
Começa com uma cena que explica tudo, ou quase: o protagonista (Naomi Nero) faz sexo com uma menina, no banheiro, usando roupas íntimas femininas. Esse grito de contestação à sociedade heteronormativa vem acompanhado de uma história sobre bebês furtados na maternidade. Por consequência, com a mudança de família, o menino encontrará a abertura para afirmar suas escolhas e sua identidade.
Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio
Tudo corria bem na vida de Marina Vidal até a morte de seu companheiro. A partir de então, precisa encarar a família do homem, que não a aceita e não a reconhece como sua parceira. São momentos regados a ódio e inconformismo. Um dos acertos desse ótimo filme chileno é a escolha da atriz e cantora Daniela Vega para o papel central, capaz de transmitir fragilidade sem perder a força. Destaque para a reveladora cena final.
Girl, de Lukas Dhont
Outra atuação central arrebatadora. O ator Victor Polster interpreta a bailarina trans Lara, que acaba de mudar para uma nova cidade com o pai e o irmão pequeno. A família aceita sua escolha. O confronto de Lara é com si mesma, à espera da cirurgia de mudança de sexo. A espera é dolorosa. Adolescente, em época de descobrir a sexualidade, ela quer ver o corpo transformado e não se reconhece ao olhar ao espelho.
SOBRE O AUTOR:
Rafael Amaral é crítico de cinema e jornalista (conheça seu trabalho)

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Eu acho que seria apropriado para adicionar um “Clube de Compras Dallas” na lista ( http://filmesonlinegratis.club/4222-clube-de-compras-dallas-2013.html ). Oh, Jared! O que ele é talentoso …
Obrigado pela lembrança. O trabalho dos atores, nesse filme, é realmente muito bom. Volte sempre!
Exatamente!
Minha Vida em Cor de rosa
Bem lembrado!