Tess é acima de tudo uma grande história de amor. O que acontece com Tess na história é basicamente o esqueleto do melodrama vitoriano: ela é seduzida quando jovem, carrega uma criança que morre, é abandonada pelo homem com quem mais tarde se casa e finalmente é mandada para a forca pelo assassinato de seu sedutor. Mas a carne que [Thomas] Hardy põe naqueles ossos é espantosa. Ele liga a menina ao ritmo da natureza, dentro de uma sociedade vitoriana em desacordo com tudo de espontâneo e natural.
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O contraste [entre Tess e sua mãe] está todo lá. A mãe pertence ao passado. Tess pertence ao presente, à era moderna, a você e a mim. Ela é a primeira heroína verdadeiramente moderna.
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Tess, você deve se lembrar, era uma mulher pura. Era o subtítulo de Hardy para o livro. Ela quebrou os códigos morais vitorianos, mas ela respondeu à lei natural, à natureza, a sua natureza. É o livro todo. O filme é uma acusação da hipocrisia e da injustiça daquela sociedade rígida – e por extensão de qualquer sociedade rígida e repressiva.
Roman Polanski, cineasta, em entrevista a Harlan Kennedy (outubro de 1979; leia aqui em inglês; a tradução é deste site). Acima e abaixo, Nastassja Kinski, que interpreta Tess.
Veja também:
Armadilha do Destino, de Roman Polanski
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