Não perguntei ao Gael [García Bernal] por que ele aceitou fazer o filme [O Passado]. Ele me disse um dia: “Quando tinha 14 anos meu pai me levou para ver um filme chamado Pixote”. Nunca mandei o roteiro para ele; lemos juntos, durante duas noites seguidas, no Hotel Alvear, em Buenos Aires. Ele voltou para o México e duas semanas depois chegou um e-mail: “Estou disponível de 15 de julho a 30 de outubro. É conveniente para você?”. E depois escreveu: “Paguem o melhor que puderem, mas não abusem de mim”. Esse é o homem. E disse que gostaria de escolher as atrizes junto comigo. Os produtores ficaram loucos. E escolhemos juntos as quatro mulheres, entre 12 candidatas. Foi uma relação muito orgânica. Dizem que sou um grande diretor de atores. Eu simplesmente deixo os atores me dizerem como querem fazer o papel. Depois eu balizo, eu recorto, eles nem percebem.
Hector Babenco, cineasta, em entrevista ao amigo e arquiteto Isay Weinfeld para a Revista J.P em outubro de 2007 (reproduzida, na ocasião da morte do cineasta, no site Glamurama; leia aqui). Acima, Gael e Babenco durante as filmagens de O Passado, lançado em 2007.
Veja também:
Hector Babenco (1946–2016)
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não vi ainda Passado, pecado?
Um filme interessante, mas deixá-lo não chega a ser um pecado. Babenco fez coisas melhores.