Os [anos] 80 de um modo geral foram muito difíceis para os tipos de filmes que eu queria fazer. Depois de Touro Indomável, Bob [Robert De Niro] e eu tentamos fazer o que pensávamos que ia ser um filme muito rápido e fácil, O Rei da Comédia. Foi, na verdade, muito difícil de fazer, uma filmagem muito complicada, e um filme que não foi muito bem. Acho que o filme se viu perdido no meio da política interna do estúdio, quando um chefe do estúdio saiu antes do lançamento, o outro estava chegando, e o filme não fez a bilheteria que ele esperava e foi simplesmente retirado dos canais de distribuição. Mas eu continuei em frente, eu não liguei. Fui em frente e comecei a trabalhar em A Última Tentação de Cristo, e, depois de um ano de trabalho, quatro semanas antes de começarem as filmagens, o estúdio cancelou o projeto, o que me levou a perceber, imediatamente, que eu jamais conseguiria fazer meus filmes, daí para a frente. Os meus filmes, os que eu queria fazer.
Martin Scorsese, cineasta, em entrevista à jornalista Ana Maria Bahiana, no livro A Luz da Lente – Conversas com 12 Cineastas Contemporâneos (Editora Globo; pg. 100). Acima, Scorsese (à direita) com De Niro e Sandra Bernhard e, abaixo, com Jerry Lewis nas filmagens de O Rei da Comédia.

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