Em relação ao Solaris, eu acho que muitas pessoas reclamam que é muito longo, mas eu não penso assim. (…) Sem a presença de belas sequências da natureza na Terra como uma longa introdução, você não poderia fazer o público conceber diretamente a sensação de não ter a saída ancorada pelas pessoas “presas” dentro da base de satélites.
Eu vi esse filme tarde da noite em uma sala de pré-estreia em Moscou pela primeira vez, e logo senti meu coração doendo em agonia com o desejo de voltar à Terra o mais rápido possível. Maravilhosos progressos na ciência que temos desfrutado, mas para onde levará a humanidade? Pura emoção temerosa que este filme consegue invocar em nossa alma. Sem isso, um filme de ficção científica não seria nada além de uma pequena fantasia.
Esses pensamentos iam e vinham enquanto eu olhava para a tela.
Akira Kurosawa, cineasta, sobre o filme de Andrei Tarkovski (o artigo de Kurosawa foi publicado pela primeira vez em 1977, no jornal Asahi Shimbun, e, desde então, republicado em outras diferentes publicações; ele pode ser lido na íntegra, em inglês, aqui). Kurosawa conheceu Tarkovski em sua primeira visita à Mosfilm, na União Soviética, quando o segundo filmava Solaris. Depois, a Mosfilm produziria Dersu Uzala, do próprio Kurosawa. Abaixo, um registro do encontro dos cineastas.
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