Conversamos sobre muitas coisas para ele [Robert De Niro] fazer na cela, mas ele sentia que queria fazer aquilo [bater a cabeça contra a parede]. Jake tinha descrito aquilo para ele, mostrado como era. Como eu disse, originalmente [Paul] Schrader tinha pensado em fazer ele se masturbar na prisão. Bob [De Niro] sentia que o personagem não faria isso. Quando tudo se ajeitou sozinho, muita coisa tinha mudado no rascunho que Paul havia escrito. Bob batendo a cabeça na parede daquele jeito parecia ter muita força.
(…)
A chave dessa cena, a propósito, é como ele foi forçado a entrar na cela por aqueles dois guardas – que por sinal eram guardas de verdade. E quando dissemos “Ação”, os guardas não estavam preparados para a ferocidade dele. Ficaram com medo; aquilo é bem real. Eles empurram o personagem e a linguagem é excessiva, mas é porque a raiva é tão forte, a fúria tão forte. Nós simplesmente começamos a rodar sem ele saber. Depois ele se acalmava – um pouco antes de levantar e bater na parede, acho, logo depois que ele senta. Mike Chapman [o diretor de fotografia] e eu tínhamos duas câmeras. Era um cenário pequeno e a parede era preparada, claro, mas mesmo assim era muito doloroso o que ele fazia. Mas tínhamos confiança total um no outro a esse ponto. Ele sabia que eu ia ligar a câmera na hora certa. Eu sentia isso, sabendo o que ele ia fazer.
Martin Scorsese, cineasta, em entrevista a Richard Schickel em Conversas com Scorsese (Cosac Naify; pgs. 201 e 202).
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