O Festival de Cannes acertou várias vezes. Mesmo quando não entregou sua Palma de Ouro para um grande filme em disputa, a compensação veio por outro prêmio. No entanto, há casos de obras-primas que saíram do famoso festival francês sem um único prêmio, como se vê na lista abaixo, de 15 títulos escolhidos a dedo.

Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais
É considerado para muitos um divisor de águas na História do Cinema, revolucionário na mistura de cinema e poesia, sobre a relação de amor entre um japonês e uma francesa na cidade atingida pela bomba.
Os Inocentes, de Jack Clayton
Filme de fantasmas com Deborah Kerr no papel de uma governanta recém-chegada a uma grande casa para cuidar de duas crianças. A fotografia de Freddie Francis é um dos pontos altos da obra.
Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha
Um dos filmes mais importantes do cinema nacional. Foi a Cannes ao lado de outro, Vidas Secas, mas perdeu para o musical O Guarda-Chuvas do Amor. A personagem Antônio das Mortes entrou para a História.
Noite Vazia, de Walter Hugo Khouri
Dois rapazes caem na noite e contratam duas prostitutas como companhia, para sexo casual. Correm as horas e surgem importantes revelações nesse filme profundo do cinema brasileiro dos anos 1960.
O Segundo Rosto, de John Frankenheimer
Homem poderoso compra outra vida, com o rosto mais jovem e desejável, e vai viver à beira-mar. O que não sabe é que a nova identidade traz também perigo e pessoas estranhas por perto.
Minha Noite com Ela, de Eric Rohmer
Um dos melhores de Rohmer, o mestre dos filmes de encontros e desencontros, da beleza da vida comum. Rapaz religioso vê-se enfeitiçado pela presença de uma bela mulher, após passar uma noite ao seu lado.

A Longa Caminhada, de Nicolas Roeg
Menina e o irmão pequeno veem-se perdidos no deserto australiano e recebem a ajuda de um jovem aborígene. Filme espetacular sobre diferentes culturas que se tocam, com linguagem ousada.
Profissão: Repórter, de Michelangelo Antonioni
O jornalista de Jack Nicholson muda de vida ao assumir a identidade de um homem morto em um hotel perdido no mapa. Em sua jornada, esbarra em uma nova mulher à medida que o passado volta a perseguí-lo.
O Amigo Americano, de Wim Wenders
Em sua melhor forma, Wenders adapta uma obra de Patricia Highsmith e, à tela, além de Bruno Ganz e Dennis Hopper, leva os também cineastas Nicholas Ray e Samuel Fuller. Puro delírio cinéfilo.
Agonia e Glória, de Samuel Fuller
Momento inspirado de Fuller. O início, em granulado preto e branco, com o cavalo louco sobre a personagem de Lee Marvin após o fim da guerra, é uma aula de cinema e uma das melhores sequências dos anos 1980.
Portal do Paraíso, de Michael Cimino
O grande filme de Cimino – um faroeste moderno e de visual arrebatador – naufragou nas bilheterias e, com frequência, é acusado de ter dado fim à Nova Hollywood. O fracasso custou caro à carreira do diretor.
Van Gogh, de Maurice Pialat
Depois de ser vaiado em Cannes ao recebeu uma merecida Palma por Sob o Sol de Satã, o mestre Pialat voltou ao ensolarado festival para entregar outra maravilha, mas o júri, unânime, preferiu Barton Fink.
A Fraternidade é Vermelha, de Krzysztof Kieslowski
Último filme da Trilogia das Cores e de seu diretor, o mestre polonês por trás da série O Decálogo. Aqui, uma bela modelo resgata um cachorro e se aproxima do dono do animal, um juiz que espiona os vizinhos.
Através das Oliveiras, de Abbas Kiarostami
O diretor iraniano ganharia a Palma anos depois por Gosto de Cereja. Mas sua obra-prima é este filme, a terceira parte de uma trilogia iniciada com Onde Fica a Casa do Meu Amigo?, sobre o mundo do cinema.
O Tempo Redescoberto, de Raoul Ruiz
Nascido no Chile, o grande Ruiz encara nada menos que uma adaptação de Marcel Proust e dá luz a um filme quase sempre labiríntico e com elenco invejável, que inclui Catherine Deneuve e Emmanuelle Béart.

SOBRE O AUTOR:
Rafael Amaral é crítico de cinema e jornalista (conheça seu trabalho)
ACOMPANHE NOSSOS CANAIS: Facebook e Telegram
Veja também:
13 grandes filmes que ganharam a Palma de Ouro e perderam o Oscar

Filmes maravilhosos mesmo. Não assisti a todos, mas os que eu vi concordo plenamente com voce
Obrigado pelo comentário. Abraço.