Antes e acima de tudo, o film noir era um estilo. Combinava realismo e expressionismo, o uso de locações reais e elaborados jogos de sombras.
Aqui o craque da direção de fotografia John Alton merece uma menção. O mestre nascido na Hungria “pintava com a luz” (esse era o título de seu manual de 1949, que ainda utilizávamos nas escolas nos anos 1960): contrastes extremos de preto e branco, fontes isoladas de luz, posições de câmera sinistras, perspectiva profunda… Os exemplos mais notáveis do trabalho de Alton se encontram nos primeiros filmes de Anthony Mann, tais como Moeda Falsa e Entre Dois Fogos.
Eram pequenas produções B nas quais Alton estava livre para experimentar e frequentemente assumia riscos incomuns. Seu claro-escuro era a quintessência da atmosfera noir. “Não tenho nenhuma dúvida de que a música mais bonita é triste”, observou. “E a fotografia mais maravilhosa é de tonalidade baixa, com pretos substanciosos.”
Martin Scorsese, cineasta, em um capítulo dedicado aos “diretores contrabandistas” em Uma Viagem Pessoal pelo Cinema Americano (co-autoria de Michael Henry Wilson, Cosac Naify; tradução de José Geraldo Couto; pg. 137). Abaixo, uma cena de Entre Dois Fogos, de 1948.
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