Oliver Stone: ‘Uma vez no set, o roteiro não significa mais nada’

As filmagens são o momento crítico do filme, pois, bem mais que na escrita ou na montagem, estamos à mercê de acidentes de todo tipo, que podem levar o filme em várias direções diferentes. É por isso que sempre chego ao set com a lista dos dez a vinte planos que pretendo filmar naquele dia, e sempre começo pelos mais importantes. Porque nunca se sabe o que pode acontecer. Pode começar a chover, um ator pode ficar doente, a comida do almoço pode fazer você dormir o resto do dia… Talvez você filme seus vinte planos, mas talvez faça apenas três. Então é muito importante determinar o que é essencial e começar por aí. Geralmente tenho uma imagem bem precisa do filme na cabeça, mas sei que não é o que vou filmar, que isso vai mudar ao longo dos ensaios. Pois os atores trazem muitas coisas, fazem sugestões ou críticas que me obrigarão a rever tudo na última hora. Uma vez no set, o roteiro não significa mais nada. Sobretudo não se deve ser rígido e dizer “não se pode fazer isso, não está assim no script!” O roteiro é uma indicação, nada mais. A realidade do set ultrapassa amplamente tudo o que pode ser escrito no papel. Trabalho sozinho com os atores e mantenho o resto da equipe fora do set enquanto eu não tiver encontrado a essência da cena. Geralmente isso leva uma hora. Às vezes duas. E às vezes não começamos a filmar antes da tarde.

Oliver Stone, cineasta, em declaração a Laurent Tirard em Grandes Diretores de Cinema (Editora Nova Fronteira; pgs. 164 e 165). Abaixo, Stone durante as filmagens de JFK: A Pergunta que Não Quer Calar.

Curta o Palavras de Cinema no Facebook

Veja também:
Quatro filmes sobre a política nos tempos de Nixon e o Watergate

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s