Acossado é muito mais que o ponto-final no cinema de certa época, é o ponto de partida do cinema moderno dos anos 1960, seu “manifesto e seu programa”, como muito bem disse Marc Cerisuelo, e a história do cinema só faz confirmar essa perspectiva.
É também em referência ao filme de Welles [Cidadão Kane] que Godard suprime toda a ficha técnica e começa seu filme com um título breve, em tela inteira, letras brancas sobre fundo preto, cuja grafia é muito próxima de seu ilustre modelo. Os dois filmes, tanto um como o outro, começam com um prólogo espetacular, de tipo antológico. No corpo de Acossado, os traços do progresso da investigação policial mobilizarão numerosos artigos de jornal e o enquadramento do letreiro luminoso “O cerco se fecha em torno de Michel Poiccard” evoca aquele que anunciava a morte do magnata da imprensa americana “Cidadão Kane está morto” e toda a sequência inicial das atualidades “News on the March”.
Godard, como Orson Welles, mas também como o jovem Sergei M. Eisenstein de O Encouraçado Potemkin, faz de seu filme um manifesto do poder da montagem, retomando figuras abandonadas desde a passagem ao cinema falado.
Michel Marie, ensaísta, historiador de cinema e professor emérito da Universidade de Paris 3 – Sorbonne Nouvelle, em A Nouvelle Vague e Godard (pg. 178; Papirus Editora). Abaixo, Jean-Luc Godard, sua equipe e seus atores nas filmagens de Acossado.
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