À medida que as filmagens prosseguiam, problemas com o roteiro começaram a atrasar a produção. Não restava mínima dúvida de que Rita depositava total confiança no imenso talento de seu marido, sob cuja direção ela começou a dar uma interpretação sincera, provocante e sutil da personagem que encarnava. Havia muita afeição entre os dois (Rita chamava Welles de Papa e ele a chamava de Mama), porém o filme já havia estourado o orçamento e também as previsões do cronograma de trabalho. Cohn [o produtor Harry Cohn] estava irado, mas permitiu que Orson prosseguisse livremente.
A Dama de Shanghai foi o único filme em que Rita Hayworth morre em cena. A sequência é o ponto alto da história: Rita leva um tiro e cai no chão lutando para viver, gritando: “Não quero morrer”.
[A colunista] Hedda Hopper se encontrava no set no dia em que a cena foi filmada. “Welles estava limpando o chão com Rita. De acordo com a minha cartilha, não é esta a melhor maneira de se manter um casamento.” Hopper esqueceu-se de mencionar a interpretação magnífica de Rita.
Anos depois, perguntaram a Rita Hayworth por que motivo ela havia causado tantos atrasos na produção de A Dama de Shanghai. Quem fez a pergunta observou que Rita ficava doente com muita frequência. A atriz retrucou: “Eu nunca estive doente. O coitado do Orsie é quem ficou doente por causa do Harry Cohn”.
Joe Morella e Edward Z. Epstein, na biografia Rita, A Deusa do Amor (Editora Nórdica; pg 112). Abaixo, Rita e o então marido Orson Welles nas filmagens de A Dama de Shanghai, que ele, com comum maestria, dirigiu.
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