Alguns ensaios e críticas célebres sobre Hiroshima, Meu Amor atropelam seus atores. Concentram-se em Resnais, em Duras, na estrutura revolucionária, poética, da obra francesa de 1959, no calor das transformações do cinema. Emmanuelle Riva é a francesa que se envolve com um japonês em Hiroshima, à sombra das lembranças.
Lugar pior para evocar o passado não havia. E nele, antes com o corpo coberto de areia, está ela, ainda no primeiro plano, a se confessar e ouvir o amante japonês (Eiji Okada). Mulher sem maquiagem, sem aparente fantasia ou glamour. Apenas sofrimento. É o que se encontra após a retirada da camada de areia dos primeiros instantes.
Nem Antonio Moniz Vianna nem Paulo Emílio Sales Gomes lançar-se-iam à atriz – que ainda faria outros grandes filmes, nem sempre lembrados, como Léon Morin – O Padre, de Melville. Ainda assim, ela está lá, sua narração também: dá vez às lembranças de Nevers e as traz para Hiroshima, cidade na qual a memória é inescapável.
Curta o Palavras de Cinema no Facebook
Veja também:
Paulo Emílio Sales Gomes, 100 anos