Ver filmes ruins não é perda de tempo. Alguns, de tão ruins, ajudam a entender por que outros são grandes. Obras ruins também merecem espaço em aulas de cinema, pois apontam o que se deve evitar, do roteiro à direção, de quesitos técnicos às atuações. A lista abaixo prova que 2016 não foi muito diferente de anos anteriores: sobraram trabalhos ruins e, pior, bons cineastas e atores envolvidos com eles.
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10) Tudo Vai Ficar Bem, de Wim Wenders
Wenders tem mais altos que baixos. De vez em quando comete erros difíceis de entender, o que o faz parecer um diretor de encomenda para o dito filão “filme de arte”. O primeiro erro é trazer à frente James Franco, ator sem a mínima condição de manter o drama que o papel exige. O resto segue ladeira abaixo.
9) Demônio de Neon, de Nicolas Winding Refn
Refn começou a carreira com filmes realistas. Depois mudou, assumiu novos contornos, a violência gráfica, a falsa beleza de um mundo degradado. Ainda que alguns momentos impressionem, é pouco mais que oco este Demônio de Neon. Sobre o mundo da moda e seus seres artificiais, a fita termina um pouco como eles.
8) Esquadrão Suicida, de David Ayer
A premissa é um pouco semelhante à dos Vingadores: reunir um bando de seres com superpoderes e colocá-los para quebrar o mundo. Ou parte dele. Mas o jogo aqui fica por conta dos “caras maus”, os vilões que surgem como a última esperança do governo americano. Uma gororoba embalada por muito barulho e pirotecnia.
7) Pequeno Segredo, de David Schurmann
Há um bom tempo o Brasil não coloca um candidato tão fraco na corrida ao Oscar. Não, pelo menos, desde Lula, o Filho do Brasil. Há quem argumente que o filme tem sequências bonitas. Mas o que fazer quando estas estão isoladas e a regra é recorrer a puro sentimentalismo?
6) O Caçador e a Rainha do Gelo, de Cedric Nicolas-Troyan
Outro caça-níquel visível, outra vez a mobilizar bons atores a troco de nada. Aventura juvenil sem emoção, de trama sem profundidade, figurinos cafonas, mais uma vez bebendo na fonte de franquias como O Senhor dos Anéis. Nem Jessica Chastain salva a produção.
5) A Vingança Está na Moda, de Jocelyn Moorhouse
Difícil entender por que alguns bons atores aceitam fazer parte de filmes como esse, do livro de Rosalie Ham. Por outro lado, vale supor que o resultado final não poderia ser calculado. A comédia não tem inspiração, traz bocejos. O filme arrasta-se até o fim. E dura a eternidade.
4) Caçadores de Emoção, de Ericson Core
Refilmagem do filme de Kathryn Bigelow de 1991. A trama geral é a mesma: agente infiltra-se em uma gangue para desbaratá-la e se envolve com esportes radicais. Bons atores como Edgar Ramírez e Ray Winstone são mal aproveitados. A ação não convence. Não chega a ser nem um entretenimento razoável.
3) Independence Day: O Ressurgimento, de Roland Emmerich
Só há uma explicação para o retorno à franquia, 20 anos depois: é puro caça-níquel. O pior é que consegue superar o primeiro no quesito ruindade. Will Smith (lembrado com uma foto na Casa Branca) deu-se bem ao fugir dessa empreitada, mas terminou em Esquadrão Suicida.
2) O Maior Amor do Mundo, de Garry Marshall
Uma comédia romântica sobre mães sem qualquer graça. A estrela em declínio Julia Roberts é uma coadjuvante de luxo e volta aqui a trabalhar com o diretor de Uma Linda Mulher, Garry Marshal, em seu último trabalho. O riso fica por conta do constrangimento.
1) Os Dez Mandamentos, de Alexandre Avancini
As belas egípcias parecem socialites saídas das festas do Grupo Doria. As atuações são canhestras, ajudadas pelo uso abusivo de câmera lenta. O ritmo não reserva instantes de paciência, nem a transição correta entre situações e tempos. E tudo isso, dizem, gerou a maior bilheteria do cinema brasileiro – ainda que muitas salas estivessem praticamente vazias durante as exibições. Milagre? Essa é outra história.
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Não vi nenhum destes; ainda bem. Porém, acredito que deve haver coisas muito piores. O buraco é sempre mais embaixo.
José Eugenio Guimarães
Sem dúvida, sempre há algo que supera. Sobretudo no cinema atual. Grande abraço.