Impossível concordar com todas as escolhas do Oscar. O Artista, por exemplo, talvez não supere A Invenção de Hugo Cabret. O mesmo vale para Birdman em relação ao derrotado Boyhood. No entanto, esses supostos erros não soam exagerados como os casos da lista abaixo – de cerimônias que premiaram filmes lançados a partir de 2010.
Qualquer cinéfilo envolvido o suficiente com cinema costuma acompanhar os prêmios do Oscar – mesmo sabendo das politicagens, dos padrões, do protecionismo em relação ao produto norte-americano etc. Não era para menos: há muito tempo o prêmio deixou de ser sinônimo de excelência. É o que mostra a lista abaixo.
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Melhor filme para O Discurso do Rei
Quem deveria vencer: A Rede Social, de David Fincher. Às vezes a Academia sofre delírios coletivos como nessa edição. E Tom Hooper também não deveria vencer. Outros filmes superiores estavam na corrida, como é o caso de Bravura Indômita.
Melhor filme estrangeiro para Em um Mundo Melhor
Quem deveria vencer: todos os outros indicados são superiores. Dente Canino, o mais ousado, renderia um Oscar para o cinema grego. Incêndios, de Denis Villeneuve, disputava a mesma categoria, além do forte Biutiful, com Javier Bardem e de Alejandro González Iñárritu.
Melhor filme para Argo
Quem deveria vencer: filmes como A Hora Mais Escura, Django Livre e, principalmente, Amor poderiam ficar com a estatueta. Apesar de o diretor Ben Affleck sequer ter sido indicado (caso raro e de poucos antecedentes), seu filme terminou com o principal prêmio da noite.
Melhor atriz para Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
Quem deveria vencer: a veterana atriz francesa Emmanuelle Riva, de Hiroshima, Meu Amor, concorria por seu papel contundente em Amor, de Michael Haneke, e merecia a estatueta. Outra opção seria Jessica Chastain por A Hora Mais Escura, mas era o ano de Lawrence.
Melhor atriz coadjuvante para Anne Hathaway (Os Miseráveis)
Quem deveria vencer: Amy Adams em O Mestre. Por sinal, todo o elenco do filme de Paul Thomas Anderson é um show à parte. Hathaway ficou com a estatueta graças à sequência em que canta “I Dreamed a Dream” no musical de Tom Hooper, baseado na obra de Victor Hugo, e só.
Melhor filme para 12 Anos de Escravidão
Quem deveria vencer: Gravidade, experiência sem igual de Alfonso Cuarón, imersão extraordinária – com poucos cortes – na luta de uma astronauta por sobrevivência. Outra opção era o ótimo O Lobo de Wall Street, de Scorsese. Até mesmo o original Ela merecia mais.
Melhor ator para Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Quem deveria vencer: Michael Keaton, em Birdman, domina cada cena do filme de Iñárritu, e mesmo Benedict Cumberbatch, em O Jogo da Imitação, seria uma escolha melhor como o matemático homossexual Alan Turing, que demorou para ser reconhecido como herói da Segunda Guerra.
Melhor atriz para Brie Larson (O Quarto de Jack)
Quem deveria vencer: Charlotte Rampling, sem dúvida, por 45 anos. Na ocasião das indicações, Rampling envolveu-se na polêmica da ausência de atores negros na premiação, dizendo, em entrevista, que talvez houvesse “racismo contra brancos”. Sepultou suas chances.
Melhor atriz coadjuvante para Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
Quem deveria vencer: Rooney Mara, que sequer coadjuvante é, tem um grande momento em Carol, de Todd Haynes (filme que merecia ter sido mais lembrado nessa edição). Mais um caso vergonhoso em que o Oscar deixou-se levar pelo momento e por campanhas de marketing.
Melhor documentário para Amy
Quem deveria vencer: O Peso do Silêncio. Como não premiou, anos antes, O Ato de Matar, era pouco provável que a Academia reconhecesse essa espécie de continuação dirigida por Joshua Oppenheimer. O ótimo Cartel Land, sobre a guerra do tráfico de drogas, também poderia levar.
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Discordo de todos da lista exceto o do Eddie Redmayne ter ganhado em cima do Michael Keaton só ai eu concordo. Não vou nem mencionar o fato de você ter colocado a Brie Larson nessa lista, foi somente uma das maiores atuações da história de cinema, não merecia um oscar e sim uns três.
Discordo de tudo.
Viva a democracia!