Em diferentes épocas e contextos, todos os filmes abaixo geraram discussões sobre o uso da violência – alguns mais, outros menos. Seus cineastas sabiam muito bem o que desejavam expressar. Levaram muitas críticas, claro, e entregaram obras inesquecíveis. Nomes conhecidos como Kubrick, Peckinpah, Scorsese e Abel Ferrara fazem parte do imaginário de qualquer cinéfilo. Não foram esquecidos. À lista.
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Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick
O futuro de Kubrick leva primeiro aos drugs em diversões noturnas, aos seus choques entre si, às traições. Depois, o protagonista Alex vê-se condenado à fraqueza em uma ação do Estado. A ideia é amansar homens perigosos como ele. A violência fez o filme famoso, mas seu questionamento sobre a liberdade transcende-a o tempo todo.
Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, de Sam Peckinpah
O diretor talvez tenha feito filmes mais violentos, como o inesquecível Meu Ódio Será Sua Herança. Mas a violência de Alfredo Garcia é outra e às vezes chega ao delírio e ao bizarro – como o diálogo do protagonista com a cabeça decepada. Como em toda sua filmografia, Peckinpah não faz concessões. Sobram cenas de matança e estupro.
Taxi Driver, de Martin Scorsese
O homem solitário de Robert De Niro, sob o foco de Scorsese, percorre a cidade em busca de vingança contra tudo e contra todos, decidido a limpar o ambiente. No meio do caminho, depara-se com uma jovem prostituta, seu cafetão, um candidato a presidente e, revoltado, adere às armas e resolve partir para a violência. Obra-prima.
Não Matarás, de Krzysztof Kieslowski
De um lado a violência aparentemente sem sentido, levada à frente por um rapaz; de outro, a violência do Estado, quando esse mesmo rapaz é condenado à forca. Um dos dez médias-metragens que compõem O Decálogo, ocupando a quinta posição, Não Matarás ganhou uma versão em longa com trinta minutos a mais. Obrigatório.
Vício Frenético, de Abel Ferrara
Um policial viciado em crack tenta encontrar o criminoso que estuprou uma freira nesse grande filme cercado de sinais religiosos. À frente do elenco, Harvey Keitel não escorrega na gratuidade e oferece uma interpretação consistente. A obra foi considerada uma das dez melhores da década de 90 por Martin Scorsese, um sabe-tudo do cinema.
Violência Gratuita, de Michael Haneke
O título parece indicar o óbvio. E justamente por isso não é. Trata, no fundo, da espetacularização da morte, de seu efeito banal, como se fosse produto de um mundo-imagem guiado por um controle de televisão (e a cena em que os rapazes voltam o tempo com o uso de um controle remoto não está posta à toa). Difícil ver até o fim.
Elefante, de Gus Van Sant
Inspira-se no massacre de Columbine, quando dois garotos armados mataram diversas pessoas em uma escola, em um dia como qualquer outro até a chegada dos atiradores. O cineasta revela um cotidiano de mal-estar e o movimento dos adolescentes. Procurar por respostas talvez não seja o mais indicado. Palma de Ouro em Cannes.
Marcas da Violência, de David Cronenberg
Após matar dois criminosos violentos em seu café e ser elevado a herói, homem de pequena cidade vê seu passado retornar. Sua família aos poucos se desestabiliza ao descobrir que ele era um mafioso. Desde o início, Cronenberg revela que há muito mais em jogo do que o acerto de contas com o passado. A sequência final é inesquecível.
Kinatay, de Brillante Mendoza
Na companhia de homens violentos, um rapaz circula pela noite e descobre que os companheiros decidiram assassinar uma prostituta. O diretor Mendoza, premiado em Cannes, expõe essa viagem com realismo, às raias do insuportável. Mendoza também fez outros filmes fortes, antes e depois, como Serbis, Lola e Em Nome de Deus.
Um Toque de Pecado, de Jia Zhangke
Quatro histórias passadas na China atual, onde a animalidade e a tecnologia dividem o mesmo espaço, onde o dinheiro e os prazeres guiam as personagens. Em cena, seus seres caminham sem rumo e encontram na violência a forma de tentar resolver os problemas, ou uma maneira de se expressar. Grande filme do diretor chinês.
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Todos excelentes. Mas e “Relatos Selvagens”, aquele argentino genial?
Bem lembrado!!! Merece estar ao lado de todos estes! Abraços!!!
Excelente lista; mas, acho que “Natural Born Killers” (Assassinos Por Natureza) dirigido por Oliver Stone, com roteiro de Quentin Tarantino, poderia também estar nessa lista, apesar de ser uma sátira…
Sim, poderia estar. Preciso rever esse filme do Stone. Abraços e obrigado pelo comentário!