13 filmes pretensiosos e medíocres do cinema recente

Há filmes que partem de uma grande ideia e não conseguem sustentá-la ao longo da projeção. Ideias políticas, científicas, sociais etc. Há também aqueles que se envolvem nessas mesmas ideias, com o estofo de grande produção, e apostam em histórias de figuras verdadeiras ou se baseiam em livros consagrados – como se apenas essas figuras e as obras originais fossem suficientes para garantir sucesso.

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A lista abaixo traz 13 exemplos de filmes pretensiosos, de 2011 a 2015, que não se sustentam. A certa altura, o naufrágio é sentido. O espectador não sai saciado. E vale lembrar: no caso de adaptações literárias, a mediocridade dessas obras nada tem a ver com o fato de estarem à altura ou não das originais, mas simplesmente porque não se realizam como cinema. Simples assim.

A Dama de Ferro, de Phyllida Lloyd

Abordar figura tão ambígua como Margaret Thatcher é um desafio. E ainda que Meryl Streep dê conta do fardo, o filme não se realiza nunca. Drama de idas e vindas, sobre o poder e, no presente, sobre sua fragilidade estampada na senil personagem.

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Os Miseráveis, de Tom Hooper

O livro é um monumento. Não vale a comparação, claro. A versão de Hooper coloca as famosas personagens em estrutura de filme musical, tudo um pouco rápido e atropelado, sob as canções que tentam forçar o drama a todo custo. Bonito, inchado e vazio.

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Looper: Assassinos do Futuro, de Rian Johnson

A ideia é interessante: assassino de aluguel viaja no tempo com a missão de matar a versão mais velha de si mesmo. Resulta em uma mistureba sem empolgação, com Bruce Willis no piloto automático, na rabeira de filmes como A Origem e Matrix.

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Anna Karenina, de Joe Wright

Outro caso de filme recente baseado em livro consagrado. E, aqui, um caso ainda mais curioso, pois o diretor Wright embala a história em visual teatral, com todos os cenários abertamente falsos – o que só o faz parecer mais maquiado e distante.

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O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann

O carnaval de Luhrmann não tem fim. A partir da obra de F. Scott Fitzgerald, o diretor embute peso em quase todas as sequências, com Leonardo DiCaprio como a personagem-título, o ricaço distante e festeiro, sem graça e emoção.

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Serra Pelada, de Heitor Dhalia

A corrida pelo ouro em Serra Pelada tornou-se um episódio histórico e selvagem da História brasileira. O filme de Dhalia, para tentar imprimir a grandeza dessa miséria, recorre sempre a imagens de arquivo, e foge à trama manjada e esquemática de amor proibido.

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A Vida Secreta de Walter Mitty, de Ben Stiller

Stiller, ator e diretor, tenta embarcar em uma obra existencial sobre a passagem do tempo: o fim da revista Life e a perseguição à ideia de viver intensamente, de desbravar o mundo. Tenta parecer “descolado”, “inteligente”, e termina quadrado.

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Interestelar, de Christopher Nolan

A avalanche de ideias científicas, de teorias, choca-se com a mensagem do amor como “única salvação” aos heróis astronautas. Os efeitos são o ponto alto do filme de Nolan, que não chega a ser tão ruim como seu anterior, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge.

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A Teoria de Tudo, de James Marsh

A pretensão tem lugar no título, nesse drama sobre a vida de Stephen Hawking, outra figura ambígua e desafiadora a qualquer realizador. Alguns momentos têm inegável beleza. A tal teoria do físico quase não tem espaço. Perde vez ao drama conhecido.

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Lucy, de Luc Besson

A bela Scarlett Johansson é uma assassina nesse filme que vai da origem do homem à sua materialização em pen-drive. Tudo não passa de desculpa para a ação desenfreada, com violência gráfica e Morgan Freeman tentando assegurar alguma seriedade à obra.

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A Travessia, de Robert Zemeckis

Ao que parece, nasceu para ser uma experiência em 3D, um capricho do diretor, em mais uma daquelas tentativas de colocar o público à beira de um abismo. A ironia não poderia ser maior: o documentário de 2008, sobre o mesmo caso, é mais emocionante.

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Viva a França!, de Christian Carion

Mais um drama sobre a Segunda Guerra Mundial. E, nesse caso, nada mais amargo do que ser “mais um”. Carion trata de uma história com várias personagens em encontros e desencontros, cujo tamanho da empreitada não acompanha o roteiro sem emoção.

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As Sufragistas, de Sarah Gavron

Esse momento histórico do movimento feminista merecia algo melhor. Outro caso em que o realizador prefere o drama de contornos lacrimosos à questão política que deveria se impor, talvez para afagar um público em busca de histórias emocionantes.

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30 comentários sobre “13 filmes pretensiosos e medíocres do cinema recente

  1. Vale, talvez, uma ressalva sobre A Teoria de Tudo. O filme teve uma mega repercussão pela maioria das pessoas desconhecer que a obra é baseada na visão da ex-mulher dele. Então o filme tem essa pegada menos científica ou superficial nessa parte.

  2. Na minha “Homilde” opinião, só tiraria da lista a Teoria do Tudo, cuja atuação é magistral e dramática e que, como todo filme, ainda “ni minha homilde opinião, não tem a pretensão de explicar uma teoria de outra área, que não seja a cinematográfica, e Serra Pelada, que, embora acabe com a velha forma do amor proibido, consegue, de algum modo passar a atmosfera da Serra Pelada. Nos lugares desses dois filmes, colocaria The Whisplash e “Aquarius”, que pecam demais na fama e morrem no conteúdo e no desenvolver da trama

  3. O título me trouxe aqui, pena que o conteúdo seja superficial para a maioria dos filmes citados, e para outros fiquei até sem entender a explicação (ex: A travessia entrou na lista, simplesmente porque o documentário é melhor?)… Enfim, do meu ponto de vista é um assunto que poderia render um texto que mesmo curto, apresentasse uma perspectiva minimamente fundamentada sobre os filmes citados… principalmente por que a maioria dos citados eu de fato considero passáveis…pena que para aqueles que gosto… como Looper, entrei da mesma forma que sai… não acrescentou nada.

    1. A ideia da lista não é fazer uma análise aprofundada sobre cada filme. Para isso existe a seção de análises de filmes. Obrigado pela visita. Abraços!

  4. Não entendi o porque de Interestelar esta nessa lista, no minimo você não entende de cinema, as ideias que o filme apresenta são perfeitamente lógicas ( leia o livro que o filme é baseado e você vai entender melhor), é o melhor sci-fi da década pretencioso é essa lista ai.

    1. Mas se vc tiver que recorrer ao livro para entender o filme é porque alguma coisa no filme não foi bem explicada ou está mal-feito. Filme, mesmo baseado em livros, tem que se sustentar sozinho.

  5. Os Miseráveis é adaptação do musical da Broadway, que por sua vez foi inspirado no livro… as músicas são belíssimas e o musical é muito premiado e referenciado. O filme é sim uma boa adaptação do MUSICAL.

  6. Eu sabia que o autor das análises tinha mexido com marimbondos ao citar Interestellar. Apesar de eu concordar com a análise feita e por não achar o filme esta coisa toda, sei que existe uma legião de gente que idolatra a obra e/ou o diretor e dizer que não gosta de um deles é visto como heresia.

  7. Não assisti ao Grande Gastby, mas li o livro. E no livro, Gastby era sem graça! kkkkkkkk Agora fiquei curiosa pra assistir ao filme. O Gastby do livro era muito distante, suas emoções eram contidas, mas ficava louco de ansiedade e ciúmes quando se tratava da Dayse. Será que a falta de emoções do Leo foi proposital ou ele foi um ator ruim mesmo?!
    Vou assistir!

  8. Sobre “Os Miseráveis”

    “A versão de Hooper coloca as famosas personagens em estrutura de filme musical, tudo um pouco rápido e atropelado, sob as canções que tentam forçar o drama a todo custo. Bonito, inchado e vazio”

    O filme é baseado no musical, que é baseado no livro. As canções já existiam, não tentam “forçar o drama a todo custo”, um musical é assim. O personagem está triste, então ele canta sobre isso. Um personagem está alegre, então ele canta sobre isso.
    Sobre o “tudo um pouco rápido e atropelado”, pois o filme ainda tem mais cenas que o próprio musical. Ele é conceitualmente assim, pois é baseado nas canções.

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