Há filmes que partem de uma grande ideia e não conseguem sustentá-la ao longo da projeção. Ideias políticas, científicas, sociais etc. Há também aqueles que se envolvem nessas mesmas ideias, com o estofo de grande produção, e apostam em histórias de figuras verdadeiras ou se baseiam em livros consagrados – como se apenas essas figuras e as obras originais fossem suficientes para garantir sucesso.
Curta o Palavras de Cinema no Facebook
A lista abaixo traz 13 exemplos de filmes pretensiosos, de 2011 a 2015, que não se sustentam. A certa altura, o naufrágio é sentido. O espectador não sai saciado. E vale lembrar: no caso de adaptações literárias, a mediocridade dessas obras nada tem a ver com o fato de estarem à altura ou não das originais, mas simplesmente porque não se realizam como cinema. Simples assim.
A Dama de Ferro, de Phyllida Lloyd
Abordar figura tão ambígua como Margaret Thatcher é um desafio. E ainda que Meryl Streep dê conta do fardo, o filme não se realiza nunca. Drama de idas e vindas, sobre o poder e, no presente, sobre sua fragilidade estampada na senil personagem.
Os Miseráveis, de Tom Hooper
O livro é um monumento. Não vale a comparação, claro. A versão de Hooper coloca as famosas personagens em estrutura de filme musical, tudo um pouco rápido e atropelado, sob as canções que tentam forçar o drama a todo custo. Bonito, inchado e vazio.
Looper: Assassinos do Futuro, de Rian Johnson
A ideia é interessante: assassino de aluguel viaja no tempo com a missão de matar a versão mais velha de si mesmo. Resulta em uma mistureba sem empolgação, com Bruce Willis no piloto automático, na rabeira de filmes como A Origem e Matrix.
Anna Karenina, de Joe Wright
Outro caso de filme recente baseado em livro consagrado. E, aqui, um caso ainda mais curioso, pois o diretor Wright embala a história em visual teatral, com todos os cenários abertamente falsos – o que só o faz parecer mais maquiado e distante.
O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann
O carnaval de Luhrmann não tem fim. A partir da obra de F. Scott Fitzgerald, o diretor embute peso em quase todas as sequências, com Leonardo DiCaprio como a personagem-título, o ricaço distante e festeiro, sem graça e emoção.
Serra Pelada, de Heitor Dhalia
A corrida pelo ouro em Serra Pelada tornou-se um episódio histórico e selvagem da História brasileira. O filme de Dhalia, para tentar imprimir a grandeza dessa miséria, recorre sempre a imagens de arquivo, e foge à trama manjada e esquemática de amor proibido.
A Vida Secreta de Walter Mitty, de Ben Stiller
Stiller, ator e diretor, tenta embarcar em uma obra existencial sobre a passagem do tempo: o fim da revista Life e a perseguição à ideia de viver intensamente, de desbravar o mundo. Tenta parecer “descolado”, “inteligente”, e termina quadrado.
Interestelar, de Christopher Nolan
A avalanche de ideias científicas, de teorias, choca-se com a mensagem do amor como “única salvação” aos heróis astronautas. Os efeitos são o ponto alto do filme de Nolan, que não chega a ser tão ruim como seu anterior, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
A Teoria de Tudo, de James Marsh
A pretensão tem lugar no título, nesse drama sobre a vida de Stephen Hawking, outra figura ambígua e desafiadora a qualquer realizador. Alguns momentos têm inegável beleza. A tal teoria do físico quase não tem espaço. Perde vez ao drama conhecido.
Lucy, de Luc Besson
A bela Scarlett Johansson é uma assassina nesse filme que vai da origem do homem à sua materialização em pen-drive. Tudo não passa de desculpa para a ação desenfreada, com violência gráfica e Morgan Freeman tentando assegurar alguma seriedade à obra.
A Travessia, de Robert Zemeckis
Ao que parece, nasceu para ser uma experiência em 3D, um capricho do diretor, em mais uma daquelas tentativas de colocar o público à beira de um abismo. A ironia não poderia ser maior: o documentário de 2008, sobre o mesmo caso, é mais emocionante.
Viva a França!, de Christian Carion
Mais um drama sobre a Segunda Guerra Mundial. E, nesse caso, nada mais amargo do que ser “mais um”. Carion trata de uma história com várias personagens em encontros e desencontros, cujo tamanho da empreitada não acompanha o roteiro sem emoção.
As Sufragistas, de Sarah Gavron
Esse momento histórico do movimento feminista merecia algo melhor. Outro caso em que o realizador prefere o drama de contornos lacrimosos à questão política que deveria se impor, talvez para afagar um público em busca de histórias emocionantes.
Veja também:
Seis filmes ruins e recentes dirigidos por grandes cineastas
Vale, talvez, uma ressalva sobre A Teoria de Tudo. O filme teve uma mega repercussão pela maioria das pessoas desconhecer que a obra é baseada na visão da ex-mulher dele. Então o filme tem essa pegada menos científica ou superficial nessa parte.
Sim, é verdade, ao abordar o ponto de vista da mulher, o filme é mais interessante. No caso, em sua segunda parte. Obrigado pelo comentário.
Concordo com todos eles. E há um “vencedor” que não está nesta lista: é aquele da arca de Noé com o Russel Crowe. Filme pretencioso e chatérrimo.
Desculpe o meu erro de Português. Um lapso horrível. É ‘pretensioso’, claro..
Noé é realmente muito ruim. Abraços, volte sempre!
Na minha “Homilde” opinião, só tiraria da lista a Teoria do Tudo, cuja atuação é magistral e dramática e que, como todo filme, ainda “ni minha homilde opinião, não tem a pretensão de explicar uma teoria de outra área, que não seja a cinematográfica, e Serra Pelada, que, embora acabe com a velha forma do amor proibido, consegue, de algum modo passar a atmosfera da Serra Pelada. Nos lugares desses dois filmes, colocaria The Whisplash e “Aquarius”, que pecam demais na fama e morrem no conteúdo e no desenvolver da trama
Obrigado pelos comentários. Ao contrário de você, gosto muito de Aquarius. Abraços e volte sempre.
O título me trouxe aqui, pena que o conteúdo seja superficial para a maioria dos filmes citados, e para outros fiquei até sem entender a explicação (ex: A travessia entrou na lista, simplesmente porque o documentário é melhor?)… Enfim, do meu ponto de vista é um assunto que poderia render um texto que mesmo curto, apresentasse uma perspectiva minimamente fundamentada sobre os filmes citados… principalmente por que a maioria dos citados eu de fato considero passáveis…pena que para aqueles que gosto… como Looper, entrei da mesma forma que sai… não acrescentou nada.
A ideia da lista não é fazer uma análise aprofundada sobre cada filme. Para isso existe a seção de análises de filmes. Obrigado pela visita. Abraços!
Não entendi o porque de Interestelar esta nessa lista, no minimo você não entende de cinema, as ideias que o filme apresenta são perfeitamente lógicas ( leia o livro que o filme é baseado e você vai entender melhor), é o melhor sci-fi da década pretencioso é essa lista ai.
Mas se vc tiver que recorrer ao livro para entender o filme é porque alguma coisa no filme não foi bem explicada ou está mal-feito. Filme, mesmo baseado em livros, tem que se sustentar sozinho.
Exato. Cinema e literatura são linguagens distintas. Mas é difícil explicar… Volte sempre!
é serio essa postagem? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Não, você está no Sensacionalista. Não viu no topo do site?
Só pode kkkkkkkk
Os Miseráveis é adaptação do musical da Broadway, que por sua vez foi inspirado no livro… as músicas são belíssimas e o musical é muito premiado e referenciado. O filme é sim uma boa adaptação do MUSICAL.
Interestelar não deveria mesmo estar na lista. O filme já entrou pra história por ser magnifico em todos os sentidos…
Coitada da história (com “h” minúsculo).
Rafael Amaral parece tão pretensioso e vago quanto ele diz serem os filmes da lista.
Concordo com alguns filmes da lista, mas outros, como Interstellar e Teoria de Tudo não deveriam integrar essa lista.
opinião é opinião!
Eu sabia que o autor das análises tinha mexido com marimbondos ao citar Interestellar. Apesar de eu concordar com a análise feita e por não achar o filme esta coisa toda, sei que existe uma legião de gente que idolatra a obra e/ou o diretor e dizer que não gosta de um deles é visto como heresia.
A palavra é esta mesmo: “heresia”. Obrigado pela visita. Volte sempre.
Tinha certeza de que encontraria Birdman e The Revenant aqui… 😦
Concordo. Birdman nem tive coragem de assistir todo, pois detestei desde o início. The Revenant é um bom filme, mas não merece o estrondo todo que fizeram.
Não assisti ao Grande Gastby, mas li o livro. E no livro, Gastby era sem graça! kkkkkkkk Agora fiquei curiosa pra assistir ao filme. O Gastby do livro era muito distante, suas emoções eram contidas, mas ficava louco de ansiedade e ciúmes quando se tratava da Dayse. Será que a falta de emoções do Leo foi proposital ou ele foi um ator ruim mesmo?!
Vou assistir!
Se puder, veja também a versão da década de 70, com Robert Redford. É muito melhor que a nova versão. Abraços e volte sempre.
pretencioso é esse post, na verdade…
Pretensioso é um artigo como esse, além de idiota e totalmente subjetivo.
Eu acho que você pode adicionar o “Até o Fim” na lista de filmes ( http://filmesdublado.online/455-all-the-way-2016.html ).
Sobre “Os Miseráveis”
“A versão de Hooper coloca as famosas personagens em estrutura de filme musical, tudo um pouco rápido e atropelado, sob as canções que tentam forçar o drama a todo custo. Bonito, inchado e vazio”
O filme é baseado no musical, que é baseado no livro. As canções já existiam, não tentam “forçar o drama a todo custo”, um musical é assim. O personagem está triste, então ele canta sobre isso. Um personagem está alegre, então ele canta sobre isso.
Sobre o “tudo um pouco rápido e atropelado”, pois o filme ainda tem mais cenas que o próprio musical. Ele é conceitualmente assim, pois é baseado nas canções.