Assistir às três versões de Ben-Hur, separadas por décadas, é descobrir três tipos de cinema, em três momentos da indústria americana. Cada uma delas está adaptada à sua época, com seus contornos. Abaixo, um pouco das três, incluindo a mais recente.
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Ben-Hur (1925)
A versão de Fred Niblo é grandiosa, lançada um ano após a fundação dos estúdios MGM. Até aquele momento, era a obra mais cara de Hollywood em seu período mudo. Futuros astros como Clark Gable fizeram figuração. O ator à frente do papel-título é Ramon Novarro, pouco expressivo e de aparência sempre jovem.
Como indica o título original, Ben-Hur: A Tale of the Christ, a carga religiosa é grande, inclusive com a reprodução da última ceia de Cristo – cujo rosto, como na versão de 1959, nunca é revelado. A ingenuidade é típica da época, o cinema é classe A.
Nota: ★★★★☆
Ben-Hur (1959)
A melhor versão, provavelmente insuperável, com o diretor William Wyler de novo em um grande momento. Um tipo de cinema que não se faz mais: milhares de extras, todo luxo a serviço da arte, ainda fora dos retoques digitais, hoje obrigatórios.
Wyler tem noção do espetáculo. A corrida de bigas – que, diz a lenda, não foi dirigida por ele – é o ponto alto, ainda assim uma entre outras partes a compor o épico. Uma sequência longa sem trilha sonora, ao som da multidão, dos cavalos, dos homens.
Nota: ★★★★★
Ben-Hur (2016)
Das outras versões restaram o nome e o enredo em seu nível básico. Ao tentar levar de novo a história de Judah Ben-Hur às telas, os realizadores fazem da personagem central um herói plano e sem emoção. O ator Jack Huston não convence. É o oposto de Charlton Heston, homem à moda antiga, alguém que já nasceu maduro.
No papel do algoz, o irmão que se despregado bando, Messala, a decepção é maior, com o inexpressivo Toby Kebbell. O resto não fica atrás. O brasileiro Rodrigo Santoro serve ao rosto de Cristo, aqui revelado, tentativa, talvez, de se aproximar do espectador, despindo-o dos contornos míticos dos anteriores. Um filme para esquecer.
Nota: ★☆☆☆☆
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