O fracasso de O Portal do Paraíso custou caro ao realizador Michael Cimino. Lançado em 1980, o filme naufragou nas bilheterias. O cineasta, ganhador do Oscar pelo seu filme anterior, O Franco Atirador, conheceria rapidamente o pior dos mundos.
A queda perseguiu o diretor. Nem mesmo os ótimos filmes realizados mais tarde, entre eles O Ano do Dragão, escapariam da sombra passada: qualquer obra feita por ele, não importasse qual, seria etiquetada como tentativa de retorno.
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Como se não pudesse mais fazer algo à altura de O Franco Atirador – grandioso, mas não ileso aos ataques, isso graças à sua visão dos vietcongues assassinos em um tempo em que a esquerda preferia ver nos militares americanos os verdadeiros vilões.
Em O Portal do Paraíso, o ataque era justamente aos rancheiros americanos, que colocavam os estrangeiros para correr. Obra sobre xenofobia de um “Visconti americano”, com controle total sobre a película, a gastar rios de dinheiro.
O fracasso não o impediu de seguir trabalhando. O Ano do Dragão traria outra polêmica: o diretor elege como herói um Mickey Rourke de cabelo tingido contra os orientais, em nova representação do americano truculento e vingador.
A obra de Cimino tem metamorfoses. Começa com um grande filme de assalto encabeçado por ninguém menos que Clint Eastwood, O Último Golpe, e se fecha com um drama sobre um choque de culturas, Na Trilha do Sol.
Foi, sobretudo, um entre tantos pisoteados pela indústria, lançado ao primeiro time graças à onda da Nova Hollywood, depois derrubado quando os produtores viram-se arrependidos ao conceder ao tal jovem – e a outros também – tanto poder.
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