O jardim do cientista de Planeta Proibido revive partes do planeta Terra: árvores, um lago de água cristalina, animais selvagens. Ali, ao lado da filha e de seu fiel robô, ele vive isolado, em um planeta desértico e distante.
Contra sua vontade, o cientista Morbius (Walter Pidgeon) recebe a visita de astronautas vindos da Terra, em busca de uma antiga tripulação que teria parado naquele mesmo planeta, anos antes, e então desaparecido. Morbius é o único sobrevivente.
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De 1956, Planeta Proibido – primeira ficção científica a receber grande orçamento de um estúdio hollywoodiano – é sobre a tentativa de criar um mundo perfeito. Esse novo universo possível é de Morbius, personagem com maior peso na história.
O clima é estranho fora de seu castelo: o deserto mistura-se à estranha vegetação, quase nenhuma vida insinua-se por ali e ataques de uma suposta força alienígena invisível assustam os visitantes. Ao fundo, o céu é verde.
Dentro do castelo há novas camadas: Morbius esconde o segredo de uma antiga civilização que viveu naquele planeta e, como ele, buscou formas de se chegar à perfeição: criar uma sociedade capaz de realizar suas vontades apenas com o poder da mente, de paz e justiça.
A nave dos visitantes – abarrotada de homens em suas fardas modernas, com o típico cozinheiro beberrão – passa alguns dias no planeta, enquanto o comandante e herói, Adams (Leslie Nielsen), deixa-se levar – como outros – pela beleza da filha do cientista, menina que nunca viu outro homem além do pai, interpretada por Anne Francis.
O visual propositalmente falso esconde verdades: o homem é sempre traído pelos monstros de seu subconsciente, por seus desejos ocultos. Tentar controlar uma sociedade pela força da mente é dar vez, por consequência, a novos demônios.
À frente, Adams tem a pior resposta àquela tentativa de chegar ao mundo perfeito: o homem, para encontrar equilíbrio, já conta com a justiça e a religião. Mas, como se sabe, ambas não foram capazes de lhe responder algumas questões fundamentais, ou lhe dar um tão desejado conforto. Fornecem algum alento, ou pouco mais.
E se as sequências de ação são apenas divertidas, nunca emocionantes, isso se explica pela falsidade que o filme não procura esconder. O cinema clássico hollywoodiano, aqui tão preocupado em entreter, não tem medo de parecer ingênuo e distante.
Enquanto alguns filmes modernos de ficção científica pretendem se aproximar do espectador e sustentam a concretização de suas histórias, ao mesmo tempo em que fazem doer, Planeta Proibido – com o inesquecível robô Robby – diz, em bom som, que nada assumirá tal forma. Apesar dos monstros do subconsciente.
Nota: ★★★☆☆
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