Bastidores: Aurora

Sunrise, filmado embora no lago Arrowhead, é um filme implantado em décors totalmente alemães (a aldeia e a cidade foram construídas casa a casa por uma equipe germânica). Na ficha técnica, quase todos os nomes são alemães. É uma adaptação da novela de Hermann Sudermann (1857 – 1928), Viagem a Tilsit, que figura na coletânea Histórias Lituanas. Americanos, no filme, quase só atores.

Os protagonistas – Janet Gaynor e George O’Brien – eram, então, celebérrimos. Mas Janet Gaynor – a Indre de Sunrise – com a cabeleira loura postiça, é a mais letal visão das virgens germânicas. A mais mozartiana das stars, “oiseaux si tous les ans”, com pintas nos olhos e a coleção de saleiros, sorriso imenso nas bocas do corpo, é a imagem, aparentemente louçã e distantemente doentia de Goethe e as jungfrau de Schiller. Só quem lhes ignora a pele e o perfume se pode sentir não ocultamente comovido. Homo americanus, ator de Ford, George O’Brien foi dobrado ao peso do próprio corpo para “representar as costas”. Dele, fica sobretudo o volume, a massa (diz-se que Murnau lhe meteu 10 kg de chumbo nos sapatos para obter a imagem de gorila, pernas afastadíssimas). Entre o casal – casal campônio – interpõe-se, vampiro ávido, Margaret Livingstone, bicho da terral vil e não pequena, rastejando como a serpente bíblica, muito semelhante a Louise Brooks.

João Bénard da Costa, crítico de cinema, sobre a obra-prima de F. W. Murnau, em crítica reproduzida on-line pela Revista Foco (leia o texto completo aqui). Abaixo, Murnau “esforça-se” para ouvir seu trio de atores, nos bastidores de Aurora.

aurora

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