Qualquer galeria para gênios malditos do cinema deve dedicar espaço para Monte Hellman. A lista abaixo passa longe de completa. Hellman começou a fazer filmes pequenos ainda nos anos 50 e fez um pouco de tudo ao longo de mais de cinco décadas de atividade, como ficção científica, filme de guerra, faroeste e outros.
Seu primeiro trabalho, A Besta da Caverna Assombrada, teve produção de Roger Corman. As obras abaixo são as mais conhecidas do cineasta e fizeram a alegria de cinéfilos como Quentin Tarantino, que nunca escondeu a paixão pelos faroestes de Hellman.
Disparo para Matar (1966)
Uma garota sem nome (Mille Perkins) leva dois homens a uma jornada desconhecida enquanto são seguidos pelo assassino de olhos frios vivido por Jack Nicholson (inspirado no Jack Palance de Os Brutos Também Amam). Com sequências de tirar o fôlego e encerramento ambíguo, Hellman prova que obras-primas podem ser feitas com recursos modestos e, de quebra, nada devem a outros grandes do mesmo gênero.
A Vingança de um Pistoleiro (1966)
O título brasileiro engana: não há qualquer vingança nesse filme de Hellman. O que há é um desacerto, acaso, com dois homens perseguidos por patrulheiros após se aproximarem de um perigoso bando de ladrões. Nicholson é o protagonista, ainda que ao canto: seu olhar tem rara tristeza. Quando fala com a menina interpretada por Perkins sobre suas poucas opções, o espectador passa acreditar que ele será morto.
Corrida Sem Fim (1971)
Dois rapazes que falam o essencial dão carona a uma menina enquanto disputam competição com outro homem, em carro moderno, interpretado pelo sempre ótimo Warren Oates, ator favorito de Sam Peckinpah (e provavelmente de Hellman). Filme de carros existencial, em que chegar a um vencedor é o menos importante, enquanto é latente o desejo dos jovens em pegar a estrada e viver sem regras, no clima da Nova Hollywood.
Galo de Briga (1974)
Propositalmente sujo, com Oates em papel feito para ele, um competir de rinhas de galo sem voz. Após perder uma de suas disputas, travada em quarto de hotel, o homem deixou de falar. Investe então em novos galos e passa a viajar com esses animais, em novas rinhas. À frente, as ambições de Hellman ficam mais claras: como em Corrida Sem Fim, estão em jogo desejos estranhos e os prazeres de sua sociedade, a americana.
Caminho para o Nada (2010)
Aos 80 anos, Hellman investe energias em um filme interessante sobre o universo do cinema e suas diversas camadas. A confusão em cena alimenta o mistério: a atriz dona do papel central do filme de suspense talvez seja justamente a figura na qual sua personagem foi inspirada. E o diretor, que acaba apaixonado por ela, vê-se obrigado a registrar a realidade – e incorporá-la a seu filme – quando o encerramento leva à tragédia.
Veja também:
O tempo de Monte Hellman