Um grupo de belas jovens do cinema, a fazer pencas de marmanjos saírem dos trilhos. Uma lista com 15 meninas de filmes variados, do noir ao universo violento do cinema americano atual. Não se tratam de formas a representar o sexo fácil, ainda que em vários filmes elas remetam a desejos ocultos e ao erotismo comum ao cinema moderno.
Curta o Palavras de Cinema no Facebook
Carmen Sternwood (Martha Vickers) em À Beira do Abismo
Antes de encontrar seu contratante, ainda no início da obra-prima de Howard Hawks, o detetive Philip Marlowe (Humphrey Bogart) depara-se com a pequena e aparentemente indefesa Carmen. Algo está errado por ali: a menina não demorada a se lançar nos braços do herói, que, como sempre, ironiza. Ao longo do filme, ela mostra-se apenas uma peça da trama intrincada, cheia de idas e vindas, de dúvidas, com Lauren Bacall no elenco.
Baby Doll (Carroll Baker) em Baby Doll
O trabalho de Elia Kazan vem carregado de ousadia: é sobre um homem (Karl Malden) impotente unido a uma bela menina, em uma casa aos cacos, enquanto não consegue consumir seu desejo por ela. Ela grita do lado de fora enquanto a aguarda, para a graça dos velhos senhoras negros por ali. Mais tarde, seu rival (Eli Wallach) vai à mesma casa e passa a jogar charme na menina. Como em Uma Rua Chamada Pecado, Tennessee Williams também assina o roteiro.
Colette (Marie-France Pisier) em Antoine e Colette
O espectador entende por que Colette capta a atenção de Antoine e desvia seu olhar, do palco do concerto à bela menina, algumas poltronas à frente. A maneira como arruma o vestido, como passa o dedo nos lábios, torna-a seu objeto de desejo. Logo está apaixonado, em seu possível primeiro amor. Ele fará de tudo para tê-la por perto no segundo filme de Truffaut sobre Antoine Doinel, que integra o longa Amor aos 20 Anos. Pisier mescla juventude com jeito de mulher.
Lolita (Sue Lyon) em Lolita
A partir do livro de Nabokov, Kubrick levou à tela um estranho romance carregado de ressentimento, de dor, com o homem mais velho cheio de problemas, desconfiado, vivido na medida pelo mestre James Mason. A bela Lyon não precisa de muito para encantar, e em alguns momentos chega a não ter qualquer tempero: às vezes é até difícil compreender por que esse homem mais velho e inteligente fica de joelhos à menina. É uma boneca cuja imagem, ao fim, esvai-se: não é mais a Lolita de sempre.
Agnese Ascalone (Stefania Sandrelli) em Seduzida e Abandonada
Após o incrível Divórcio à Italiana, o diretor Pietro Germi retorna ao campo da comédia que revela outro lado da sociedade italiana de bons costumes. A saída é rir do absurdo, das perseguições à menina que teria perdido a juventude, para a desgraça do pai, da Igreja, de todos ao redor. Há a sequência delirante em que ela é perseguida pelos moradores da cidade. De beleza ímpar, como outras musas italianas da época, Sandrelli ganha pela presença, ao mesmo tempo em que o espectador ri dos homens que a cercam.
Delilah “Delly” Grastner (Melanie Griffith) em Um Lance no Escuro
O detetive de Gene Hackman é contratado para encontrar essa garota no grande filme de Arthur Penn. A trama envolve uma atriz de cinema decadente (mãe dela) e o lado obscuro dessa arte, atrás das câmeras, com os dublês e os riscos do ofício. Logo Harry (Hackman) percebe que a menina é apenas a ponta do iceberg. Suas andanças levam-no ao inimaginável, ao fim, com um encerramento misterioso. É o primeiro trabalho de Griffith que lhe valeu crédito, muito antes do sucesso de Uma Secretária de Futuro, de Mike Nichols.
Iris (Jodie Foster) em Taxi Driver
A raquítica Foster cai nos braços da personagem de Harvey Keitel, o cafetão, na única sequência do filme de Martin Scorsese em que Robert De Niro não está em cena. Em outros momentos, a menina passa pelas ruas e sempre atrai a atenção do taxista Travis, em suas andanças pela cidade, em seus momentos de solidão. Seu desejo de “limpar” a metrópole leva-o a encontrar a menina de novo, em encerramento traumático. Foster já havia feito um pequeno papel em Alice Não Mora Mais Aqui, de Scorsese.
Violet (Brooke Shields) em Menina Bonita
A ninfeta é servida como banquete nesse polêmico filme de Louis Malle, quando alguns diretores europeus eram atraídos a Hollywood com a possibilidade de realizar trabalhos interessantes. Crescida no bordel, a menina de Shields logo chama a atenção de um jovem fotógrafo que passa por ali, interpretado por Keith Carradine. Malle capta o universo de libertinagem do início do século 20. O elenco conta com Susan Sarandon, como mãe da menina e também prostituta.
Suzanne (Sandrine Bonnaire) em Aos Nossos Amores
Em seu primeiro papel de destaque e com crédito, Bonnaire é uma revelação. O diretor Maurice Pialat nunca trata o sexo como momento difícil ou leva a jovem a algum questionamento que envolva culpa. Ao contrário, é natural. Os problemas da menina são outros e envolvem sua família, a separação dos pais, as brigas com o irmão. Há também o relacionamento que não deu certo, com diálogos cortantes e o realismo do diretor.
Cécile de Volanges (Uma Thurman) em Ligações Perigosas
A trama envolve a destruição de uma jovem (Michelle Pfeiffer) por um casal de amigos íntimos, vivido por Glenn Close e John Malkovich. Em meio à trama, em jogos de diversão e prazer, eles encontram a bela Cécile. Thurman já havia feito outros filmes, como As Aventuras do Barão de Münchausen, do mesmo ano, e mais tarde ganharia destaque por sua personagem descontrolada em Pulp Fiction, de peruca e mulher de um perigoso mafioso.
Christina (Mia Kirshner) em Exótica
A casa de shows de stripper é decorada como selva. Homens vão ao local para observar as belas mulheres que dançam ali. Entre elas está a misteriosa Christina, alvo, quase todas as noites, das investidas de um cliente fiel (Bruce Greenwood). O belo filme de Atom Egoyan mescla diferentes personagens, como o dono de uma loja de animais exóticos interpretado por Don McKellar, e outros que compõem a estranheza da obra, como o DJ de frases de efeito de Elias Koteas.
Angela Hayes (Mena Suvari) em Beleza Americana
O objeto de desejo do protagonista (Kevin Spacey) surge, em sonhos, coberto de pétalas de rosa, quando retira o casaco de líder de torcida, ou quando se insinua para ele do alto do teto de seu quarto. Como nada é o que parece nesse filme de Sam Mendes, ganhador do Oscar, mais tarde a moça fará uma revelação capaz de demolir seu sonho. Retorna à realidade, ao ambiente que inclui as traições da mulher, as descobertas da filha, o contato com o vizinho traficante e os embates com o pai do garoto, militar linha dura.
Junie (Léa Seydoux) em A Bela Junie
O título não mente: Seydoux é bela demais, com seu olhar de lince, o que leva o espectador a não despregar os olhos. Faz pensar na Anna Karina de Godard, na menina como fonte de atenção de seus bandidos e fugitivos. Como outros de sua geração, Christophe Honoré bebe na fonte da nouvelle vague. Faz de Seydoux uma musa em formação: tem o olhar trágico e ao mesmo tempo distante. Difícil saber no que está pensando ou o que deseja, o que assegura seu mistério.
Dottie Smith (Juno Temple) em Killer Joe – Matador de Aluguel
A menina rouba a atenção do matador de aluguel interpretado por Matthew McConaughey no surpreendente e violento filme de William Friedkin. Ao aceitar matar a mãe do menino que o contrata, ele coloca a irmã do pagador como parte do negócio. E Temple sai-se bem como a adolescente perdida de uma família disfuncional. O filme leva ao insuportável quando, ao fim, todas as personagens reúnem-se à mesa, quando o assassino fala de suas intenções, e quando o fechamento leva ao corte seco.
Joe (Stacy Martin) em Ninfomaníaca – Parte 1
Nas histórias da experiente Joe vem à tona seu passado, quando se aventurava em baladas sexuais, com parceiros diversos. O período é preenchido pela presença da bela Martin, cujo olhar de certeza comprova a boa escolha para o papel. Sozinha ou com alguma amiga, ela dá vez aos desejos. A direção de Lars von Trier é certeira e o filme, claro, criou alguma polêmica. Não é sobre sexo fácil. Prefere suas entranhas, ao passo que a madura Joe (Charlotte Gainsbourg) é bombardeada pelas ideias de seu interlocutor (Stellan Skarsgård).
Veja também:
Dez loiras fatais do cinema
Natalie Portman em “O profissional”
Bem lembrado. Volte sempre.