Going Clear: Scientology and the Prison of Belief, de Alex Gibney

Como qualquer religião, a cientologia promete um caminho de iluminação não sem alguns passos de dificuldade. Sempre é necessário sofrer um pouco, encarar o vale de sombras antes do tão esperado paraíso. E isso leva a pensar na aceitação de alguns de seus adeptos a prisões e métodos próximos à tortura.

Chegar à iluminação significa não descobrir do que trata essa estranha religião: a essa altura, o adepto está suficientemente arrebanhado para não discordar mais. E com isso vem a estranha crença.

going clear

É provável que o espectador de Going Clear: Scientology and the Prison of Belief, de Alex Gibney, saia do documentário com mais perguntas que respostas. Não é fácil entender o que prega essa religião. De um lado há a aparência de festa, de poder e beleza: algumas celebridades aderiram à seita e têm seus motivos para comemorar.

Entre elas, Tom Cruise e John Travolta. No filme de Gibney, essas estrelas e outros adeptos da cientologia aparecem apenas em gravações de terceiros. Nenhum dos membros da igreja foi autorizado a conversar com o documentarista.

A proibição como ordem explica um pouco os métodos da igreja: ou se está dentro ou se está fora, ou se aceita as ordens ou não. Quem conta a história a Gibney são membros que resolveram deixar a seita, pessoas que se consideram livres de sua opressão.

O que mais intriga é a forma como essa religião – criada por L. Ron Hubbard e mais tarde expandida por determinação de seu pupilo, David Miscavige – conseguiu casar uma crença à ideia do espetáculo hollywoodiano e a fardas de marinheiros.

Essa imagem forja a ordem, a necessidade de obediência, com o esquadrão de seguidores alinhados – o que leva ao período em que Hubbard passou por diferentes cidades, a bordo de um navio, situação levada a O Mestre, de Paul Thomas Anderson, no qual Philip Seymour Hoffman faz uma variação do criador da seita.

A partir de depoimentos de pessoas que deixaram a igreja, entre elas o cineasta Paul Haggis, o difícil é explicar por que os membros da cientologia não conseguem ver o óbvio. É o que move o documentário: a dificuldade para enxergar, ou a crença de que se vê em excesso.

Nota: ★★★☆☆

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