O homem enquanto macho vira um arcaico exemplar de museu, porque sua busca de autodestruição (a bomba atômica) é também a renúncia de sua virilidade, da luta pela sobrevivência, que é finalmente assumida pela mulher. Não há lógica nessa luta e Altman não vê razão intelectual para ela. A sobrevivência é instintiva e é isso que fascina o cineasta e suas três mulheres. Há lógica em ficar nove meses com um ser na barriga e correr o risco de vida para que ele veja a luz do mundo? Uma resposta é pouco para essas mulheres que desafiam a “ordem natural” para criar um mundo novo que pode não ser admirável, mas é único.
Antônio Gonçalves Filho, crítico e jornalista (Folha de S. Paulo, novembro de 1990). A crítica foi reproduzida no livro A Palavra Náufraga (Cosac & Naify).
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