Há grandes diretores mais lembrados por um ou outro filme do que pelo conjunto da obra. E isso tem explicação: quando se olha para o todo, a impressão é que cineastas assim não sejam autores, não tenham traços comuns entre um filme e outro.
E talvez seja o caso de Bertrand Tavernier, dono de uma obra grandiosa, entre diferentes gêneros, às vezes trabalhando com astros e nem sempre com resultados semelhantes. Ainda em atividade, é um apaixonado por cinema, com filmes que questionam o poder, a relação entre pais e filhos, a violência e a política na França atual. Abaixo, seus melhores momentos.
5) Quando Tudo Começa (1999)
Belo filme sobre a vida de um professor em uma pequena cidade francesa. Além das aulas, seu cotidiano inclui lidar com a miséria das famílias cujos filhos estudam em sua escola. O problema da cidade reflete na educação local, com o fechamento de minas de carvão. Como em A Isca, o diretor mescla histórias humanas às questões sociais.
4) Por Volta da Meia-Noite (1986)
A incrível história de um saxofonista americano e sua amizade com um francês. Vivido pelo talentoso Dexter Gordon, o músico tem problemas com álcool e às vezes vive em um universo à parte. Em um momento marcante, o francês passa a noite do lado de fora de um bar para ouvir a música do outro. O filme tem a participação de Martin Scorsese.
3) Passaporte para a Vida (2002)
Homenagem à resistência do cinema francês e seus profissionais durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, nos anos de Vichy. Tavernier presta homenagem a homens como Jean Aurenche – um dos roteiristas do “cinema de qualidade” francês, atacado pelos jovens turcos da nouvelle vague, entre eles François Truffaut.
2) A Isca (1995)
Os jovens de Tavernier são sonhadores: assistem Scarface, de Brian De Palma, e sonham em ir para os Estados Unidos. Para chegarem ao sonho, tornam-se criminosos e passam a roubar apartamentos de homens ricos. Para tanto, utilizam uma isca, a bela e jovem Nathalie (Marie Gillain). Vencedor do Urso de Ouro em Berlim.
1) Um Sonho de Domingo (1984)
A obra-prima de Tavernier, passada no campo, no dia em que o pai, velho homem, espera pelos filhos e netos – momento para rever a própria vida, da aurora ao crepúsculo. Aproximação a Jean Renoir, com a aparente falta de conflitos, o mergulho ao velho homem (Louis Ducreux) que lamenta algumas escolhas do passado.
Veja também:
Bastidores: Passaporte para a Vida
Eu incluiria “A Filha de D’Artagnan”, um belo capa e espada.
Incrível como o Tavernier passeava bem entre gêneros, não é? Grande abraço!